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Quadro de Salles Dounner, artista francano, continua sem lugar para exposição

O atual Presidente da Câmara de Vereadores, Claudinei da Rocha, solicitou ao prefeito Alexandre Ferreira, em julho do ano passado, a disponibilização de um espaço mais adequado para colocar em exposição uma obra do artista Salles Dounner, que morou muitos anos na cidade e é considerado como francano.

Conforme o ofício assinado pelo vereador, o quadro “The End” estava afixado no plenário da Câmara, mas “por sua grande relevância e pela necessidade de promover maior destaque, solicito ao Poder Executivo a disponibilização de um lugar mais apropriado para sua exposição, onde possa ter maior visibilidade”.

Nove meses se passaram desde que o pedido foi feito, mas, até o presente momento, a providência não foi tomada. “Salles foi um dos mais importantes artistas plásticos de nossa cidade, hoje o Executivo e o Legislativo o descartam e demonstram desconhecer as qualidades e obras do artista. Demonstram, também, a falta de cuidado para com a cultura de uma forma geral”, disse um agente cultural que, ao lado de outros grupos e movimentos independentes de arte e cultura de Franca, lutam pela criação de espaços culturais mais adequados para a cidade.  “Estamos há anos na  luta para um espaço de exposição no antigo prédio da Estação Mogiana, por exemplo, o qual, inclusive, poderia receber o nome de Salles Dounner, homenageando esse talento francano. Mas isso não foi feito, infelizmente”, disse o agente, que pediu para não ter seu nome divulgado.

O Prefeito Alexandre Ferreira apresentou, no último dia 28 de março, em uma cerimônia realizada no gabinete, um esboço do projeto de revitalização do prédio da antiga Mogiana, transformando-o num mercadão. A ideia, inicialmente válida e muito boa para a cidade, despertou comentários negativos de integrantes dos movimentos culturais da cidade. “O setor comercial já tem muita atenção. Ali seria um ótimo espaço pra valorizar e difundir a cultura”, reclamou o agente.

Quem foi Salles Dounner

Pedro Paulo Salles nasceu em São Paulo, em 1 de julho de 1949, veio para Franca ainda menino e, com nove anos foi internado em um colégio religioso de menores no Rio de Janeiro, retornando a Franca já adulto. Autodidata e rebelde, sua primeira exposição aconteceu aos 18 anos de idade e suas exposições individuais ficaram restritas à cidade de Franca, em 1977,1978 e 1986 (Exposição Álbum dos Esquecidos), na Pinacoteca Municipal e outra na Galeria de Arte do Senac, quando também lançou e autografou o livro “Art-Nula”, contendo ilustrações e cartuns.

Seus desenhos são marcados pelo uso do lápis comum, bico de pena, nanquim, utilizando papéis de embrulho de pão e jornais. Seus murais comerciais eram característicos, proporcionando-lhe o reconhecimento popular como um dos artistas plásticos de maior expressão em Franca. Pintou os miseráveis, os mendigos, as crianças de rua, as mulheres sofridas e exploradas, animais esqueléticos e sem donos.

Doente, mudou-se para Ribeirão Preto, onde trabalhou até o fim, morrendo em 18 de agosto de 1996.”

Conheça um pouco mais de suas obras no Laboratório das Artes.

No próximo dia 13 de julho completará doze meses, esperamos que antes do aniversário o executivo municipal defina um local adequado para expor a obra “The End” que ainda continua em um depósito no Legislativo Municipal e sem os devidos cuidados.

4 Comentários

  1. Esse vereador profissional não saberá nunca quem foi o Salles. Na verdade só conhecem a conta bancária onde recebem seu farto salário.
    Triste realidade.

  2. DECADÊNCIA
    SALLES DOUNNER

    Não vejo mais as Elisas
    Não vejo mais os manifestos culturais
    Cada vez que vejo o progresso, retrocedo.
    Por amor Pela Franca
    Pelo Jair fotógrafo, pelo Vilas-Boas
    Pelo Edward, o Alfredo Costa
    Pelo o quê? O que houve?
    Nos tempos em que haviam estátuas
    Pelo amparo que suas mãos gélidas
    Nos aqueceram os olhos
    Ou pela simples poesia da saudade.
    Onde mora a cultura? Nos salões comprometidos,
    Onde vicejam os pobres da capelinha
    Que me acordaram pela crença
    E pelo amor rotineiro.
    Cresci na idade
    Busco o Oscar Kellner
    Busco os Vardá, os Coutinhos, os poetas
    Os Cruz, os Padinhas, as Atalis, os Boquitas
    Eles existem
    E não os encontro
    Vejo apenas uma cidade grande
    Sem amor, pela poesia
    Grande demais, com chaminés e apitos latentes
    Onde não vejo os meus amores
    Onde as ruas cresceram
    E onde perambulo tropeçando nos fins
    Sonhando.
    E velho, com a idade de todos os homens
    Que vislumbram suas amadas,
    E os abismos que provocam muitas lágrimas
    Num rumo sem retorno.

    FRANCA – 1985

  3. Salles Dounner estampou a fachada do tiro de guerra comuma de suas pinturaa maravilhosas por um bom tempo.
    Na avenida santa cruz próximo a rua maria caprara archeti tinha um mural pintado na garagem de um morador chamado Marquinho.Conheci-o pessoalmente muito além de seu tempo.

  4. sales dounner ou Pedro Paulo de sales conheci suas dificuldades sua luta e seu carater , homem de um entusiasmo contagiante em relação a arte , aprendi pintar letras com ele em 1980 e muito lhe devo pois tive oportunidade de encontrar irmão do passado e logo me vi fazendo paineis luminosos dai ampliando ainda mais o alcance de novas amizades que convivo até os dias atuais , conheci também perte de suas aflições pois ele sempre recebia menos do que merecia e na minha opinião o descaso da prefeitura em relação a seu trabalho é lamentavél algo parecido ao que fazem atualmente a Caetanio Petráglia fundador da primeiro salão de arte em franca no ano de 1936 levando o coral para abertura do salão em 1943 fundador e doador do terreno e construção da escola Caetanio Petráglia na rua Santos Pereira , uma pena que pessoas de vulto tão expressivél sejam esquecidos deforma tão desumana no minimo a pinacoteca deveria levar o nome de seu fundador ,mas parece que as pessoas hoje em dia gostam mesmo é de tudo repetitivo como as musicas descartáveis que também tem suas horingens em solo francano

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