Sem categoria

Vanessa Maranha

Algo sobre mim

Para quem não me conhece, meu nome é Vanessa Maranha. Sou psicóloga clínica na vertente da Psicanálise e também da Neurociência. Mas, aqui, vou focalizar o fato de ser também jornalista e ter tido (estar tendo) a existência atravessada pela expressão escrita. Por volta de 1826, quando Carlota Joaquina pisava por esta terra, – como diz uma poeta que conheço, para designar a antiguidade da coisa -, participei do Caderno B, do Jornal do Brasil, mais precisamente, no fim dos anos 90 do século passado.

Minha mais célebre produção no jornal carioca foi uma entrevista com a psicanalista francesa Elisabeth Roudinesco, quando do lançamento no Brasil, pela Editora Zahar, do “Dicionário de Psicanálise”, em co-autoria de Michel Plon. Intitulei essa entrevista de página dupla como “Elisabeth Roudinesco: a dama de ferro da Psicanálise”, a propósito de sua briga conceitual com Jacques-Allain Miller (genro e administrador do espólio teórico de Jacques Lacan). Eu soube posteriormente que ela odiou tal remissão comparativa ao autoritarismo direitista de Margareth Thatcher, a primeira-ministra, a dama de ferro da Inglaterra.

Depois do Jornal do Brasil, fiz alguma coisa, em termos de divulgação literária, para a Folha de São Paulo e, depois, uma longa estada no jornal Comércio da Franca, como colunista de Insight e editora do caderno Artes, com textos sobre comportamento, arte e cultura. Escrevi também várias matérias para a Revista Pessoa, publicação literária importante e que se estende para toda a lusofonia. Ali, destaco uma entrevista com Valter Hugo Mãe e a cobertura da última aparição pública de Antonio Candido, falando de Oswald de Andrade, na Flip. Sou também escritora com sete livros publicados e alguns prêmios na bagagem. Para sintetizar em uma palavra o meu trabalho, o termo seria: linguagens.

Bio literária

Na bio literária que geralmente utilizo nos releases de livros, está que: Vanessa Maranha participou de várias antologias de contos, entre elas +30 mulheres que estão fazendo a nova literatura brasileira (Record, 2007), organizada por Luiz Ruffato.

Em 2001 foi finalista ao Prêmio Guimarães Rosa da Radio France Internationale; em 2004, venceu seleção de contos da Universidade Federal de São João Del-Rei (MG).Foi selecionada para as oficinas literárias da FLIP em 2010 (Jornalismo Literário), 2012 (Crítica Literária) e 2016 (Shakespeare; promovida pelo British Council). Em 2012 venceu o Prêmio Off Flip, no ano seguinte, o Prêmio UFES de Literatura (Universidade Federal do Espírito Santo) com o livro de contos Quando não somos mais (EDUFES, 2014) e também o Prêmio Barueri de Literatura 2013/2014 com Oitocentos e sete dias (Multifoco, 2012). Foi finalista ao Prêmio São Paulo de Literatura 2015 com o seu romance de estreia Contagem regressiva (Selo Off Flip, 2014).

Em 2016 lançou o livro de contos Pássara, pela Editora Patuá. Começa em Mar é o segundo romance da autora e recebeu Menção Honrosa do Prêmio Governo de Minas Gerais de Literatura 2016 e foi finalista ao Prêmio Guarulhos de Literatura 2018. Em 2019 seu romance “A Filha de Mrs. Dalloway” recebeu o Prêmio UFES de Literatura (Universidade Federal do Espírito Santo). Foi contemplada, em 2020, pelo Prêmio por Histórico de Realização em Literatura do PROAC Lab Expresso.

Por aqui

Estarei aqui semanalmente escrevendo mais livremente sobre arte, cultura, comportamento, literatura, saúde, Psicologia, variedades, sendo bairrista e universal ao mesmo tempo, refletindo sobre presente-passado-futuro, não apenas de maneira factual, mas também caminhando pela fluidez das coisas.

A proposta é fazer algo na linha do New Journalism, um modo de produzir narrativa jornalística utilizando recursos da literatura de forma a escandir mais ideias do que a mera informação.  Sim, abrir ideias. Para isso estarei aqui.

New Journalism

Esse gênero é também conhecido como Literatura não ficcional, Não-ficção criativa, Literatura da realidade, Jornalismo em profundidade, Jornalismo Diversional, Gonzo Journalism, Jornalismo Literário, Reportagem-ensaio, Jornalismo de Autor. Delineios que já prenunciavam o culto à personalidade, que viria a explodir com as redes sociais.Apenas para nortear: surgiu na imprensa dos EUA na década de 60 (então, não é, como designação nem tampouco feitio, algo exatamente novo). Os principais nomes que, namely, fundaram esse estilo nos jornais e revistas: Tom Wolfe, Gay Talese, Norman Mailer e Truman Capote.

The New Yorker

A revista The New Yorker, uma das melhores publicações de todos os tempos, foi a que fez circular e popularizou a nomeação desse estilo que já era historicamente popular na literatura.

Gay Talese define: “O novo Jornalismo, embora possa ser lido como ficção, não é ficção. (…) O novo jornalismo permite, na verdade exige, uma abordagem mais imaginativa da reportagem e consente que o escritor se intrometa na narrativa se o desejar, conforme acontece com frequência, ou que assuma o papel de observador imparcial, como fazem outros, eu inclusive.” No Brasil, a Revista Piauí é referência do melhor jornalismo literário.

Aproximação

Conforme já citado, participei há alguns anos de uma Oficina de Jornalismo Literário na FLIP (Festa Literária Internacional de Paraty), conduzida pelo jornalista peruano Julio Villanueva Chang, editor da Revista Etiqueta Negra e um dos melhores nessa área, atualmente. Uma experiência transformadora na minha escrita.

Ele faz aproximações diagonais muito interessantes de seus “objetos de estudo”, por exemplo: em não havendo possibilidade de entrevistar Gabriel García-Márquez, entrevistou o dentista deste e descobriu muito da vida do autor por meio de suas radiografias odontológicas. Pode-se acessar o objeto a ser estudado fora das fontes convencionais e diretas utilizando recursos narrativos e linguísticos os mais diversos.

Uma questão de Plutarco

Chang é mestre em perfilar pessoas, algo de que gosto também, transformar narrativamente vidas em acontecimentos analisáveis, pessoas em personagens, como na literatura. Ele nos lembrou: “há dois mil anos, Plutarco advertia que os atos mais destacados de uma pessoa nem sempre revelam sua bondade ou sua maldade. A pergunta é: quem é essa pessoa? O que diz, o que oculta e o que faz?”

Na trilha da literatura

Isso é matéria para o New Journalism. Assim como Tchecov seguia tal caminho em seus contos, suas personagens dialogando sobre coisas aparentemente sem importância; os paradoxos e os jogos de linguagem de Lewis Carroll também aparecem como recursos deste estilo. Em entrevista para a Folha de SP, Julio Villanueva  Chang enumerou como exemplos: “A desesperada intimidade das cartas de Kafka a Felice Bauer. A curiosidade alegre de Ítalo Calvino, talvez o único escritor que gostava que o interrompessem. Dostoiévsky e a confissão em tom de acusação contra si mesmo em ‘Memórias do Subsolo’.

Ainda

“Quase todas as biografias de Stephen Zweig e quase todas as críticas às biografias nos livros de Janet Malcolm. Vallejo e sua revolução do idioma. Vargas Llosa na ‘Guerra do Fim do Mundo’. Pessoa e sua integridade para ser outros sendo a si mesmo. Barthes de ‘Mitologias’, onde cria novos significados pop olhando, por exemplo, para um filé com batatas fritas. Hannah Arendt e seus perfis intelectuais. A atmosfera de fatalidade e do imprevisível em García Márquez de ‘Crônica de uma Morte Anunciada’. O encanto do sentido comum nas crônicas para mulheres de Clarice Lispector. Theodor W. Adorno traduzindo para nós a arte em ‘Teoria Estética’”.

Finalmente

Então, é isso. No momento em que escrevo essas linhas, vivemos na cidade, no país e no mundo um dos momentos mais angustiantes da História. Um colapso sanitário, hospitalar e de mentalidade; uma pandemia em curva exponencial de contágio, porque tratada de forma irresponsável e mesmo leviana, em âmbito Federal. Sobre isso falaremos também e quando não, que os textos aqui sejam de algum modo respiro aos leitores, jamais alienação.

As colunas serão bem mais curtas do que esta auto apresentação. Virão sob a forma de notas e perfis. Eventualmente, crônicas, editoriais e publicidade, sim, porque é desse modo que sobrevive um jornal. Vamos juntos.

Para falar comigo, me chame pelo e-mail vanessa@noticiasdefranca.com.br

Vanessa Maranha é psicóloga, jornalista escritora 

Vanessa Maranha

É Psicóloga, Jornalista, Escritora Premiada, colunista da FF.

7 Comentários

  1. Muito bem, muito bom! Vanessa trilhando a linha tênue que não divide mas aproxima, história e literatura, real e ficcional, fato e invenção. Adoro isso. Boa sorte!

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados

Verifique também
Fechar
Botão Voltar ao topo