Ainda há resquícios da escravidão no Brasil?

Estamos em uma semana que marca a luta anti-racista, pois em 13 de maio de 1888, uma data histórica e de grande relevância para o Brasil, foi assinada pela princesa Isabel, a Lei Áurea, abolindo assim o trabalho escravo em nosso país. A lei, que resultou de um longo e doloroso processo de lutas sociais, não foi acompanhada de medidas capazes de garantir a dignidade dos escravos colocados em liberdade.
O Brasil foi o último país da América a abolir a escravidão. Após a edição da lei, uma nova batalha começou, pois a população negra, até então vista de forma inferior, como mercadoria, precisou enfrentar o preconceito, a discriminação e sair em busca de acessos, aceitação e respeito.
Mais de um século se passou, temos um país em que 54% da população é negra, e ainda assim está muito presente a desigualdade étnico-racial, uma vez que há muitas diferenças de oportunidades e condições de vida.
Exemplo disso é o que ocorre com a remuneração de mulheres negras no mercado, de trabalho. Dados do Ipea – Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada de 2016, indicam que mulheres brancas recebem 70% a mais que mulheres negras. As diferenças ocorrem por diversos fatores, ocasionados por uma exclusão histórica, que gera grandes impactos sócio econômicos.
A exclusão ocorre em diversos contextos, no curso de medicina por exemplo, estudo feito pelo Inep (Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais, demonstrou que apenas 2,66% dos concluintes em 2010 eram pardos ou pretos. O baixo percentual não demonstra apenas a ausência deles no curso superior, mas resultado de exclusão nas fases anteriores.
Dados ainda mais cruéis são indicados pelo Fórum de Segurança Pública, que em estudo feito com o UNICEF, (Fundo das Nações Unidas para a Infância) apontou que, das quase 35 mil mortes de jovens entre 2016 e 2020 no Brasil, 80% eram de negros. Segundo levantamento da Rede Observatórios de Segurança, a cada quatro horas um negro é morto pela polícia. Das mais de 2.600 mortes em ações policiais em 2020, 82,7% das pessoas eram negras.
Foram três séculos de escravidão, que deixaram duras marcas, sentidas até hoje. É latente o racismo estrutural, pois nossa sociedade, apesar de muitas vezes, conhecer os números da violência e da exclusão, finge não perceber e continua naturalizando comportamentos que privilegiam alguns, em detrimento de outros, como é o caso do favorecimento de pessoas brancas, em desfavor dos negros. A luta anti-racista precisa persistir, para que possamos, nas próximas décadas, noticiar avanços em relação à inclusão e respeito e não mais, segregação e preconceito.
Fontes:
https://jornal.usp.br/radio-usp/dados-do-ibge-mostram-que-54-da-populacao brasileira-e-negra/
As opiniões aqui publicadas não refletem necessariamente a opinião da Folha de Franca
A abordagem da cronista neste 13 de maio foi ampla principalmente abordando o aspecto social,que trouxe a tona as injustiças e discriminação cometidas aos nossos irmãos pretos .Foi um convite a sociedade a olhar para eles através da sua raça cor demais contingências