Lutos

A morte não mata

Que história é essa de que perdi um amigo?

O coração está meio desregulado desde a hora em que vi a luz do dia, engarupada nos raios do sol de verão que invadiu o meu quarto. Abusados, entraram pela janela de um quarto andar.

O meu Zap Zap estava chupeta das ideias. Fosse a gloriosa dançarina e atriz Cláudia, que não foge da Raia, não seria nada estranho. Ele vibrava sem vibrador.

A caixa do miserável criptografado estava bufando de notícias e recados pra lá de regaçados, daqueles que arrasam os sentimentos.

Culpa da colega Ana Laura Lima! Viu doutora?!

O seu vídeo é de boa, na gíria leve dos noias e nossa.

A angústia veio dos céus da grande São Paulo, na cauda do brinquedinho da paixão do bem-sucedido colega advogado Dr.  Márcio Louzada Carpena, que deu de cair bem em cima de um ônibus da viação Santa Brígida, que tinha passageiros.

O piloto e outro morreram na hora, pode-se dizer assim, devorados pelas chamas da explosão do pequeno pássaro de metal, daquele gaúcho empreendedor.

Tiroteios, tentativas de assassinatos, acidentes terrestres, roubos, pilantragens dos políticos de nossa estimação – SQN – são o prato da semana e estão no cardápio desta sexta. 13 dá azar! Eita! É 7.

Quando acho que consigo retomar as atividades da imparável profissão e das artes que amo fazer com as coitadinhas das palavras, especialmente para as minhas redes sociais e para o NOTÍCIAS DE FRANCA – a sua Folha -, Vanessa, a antenada assessora de recepção e de secretaria do escritório – tem a coragem de me comunicar o falecimento de Vicente Antônio de Oliveira.

Santo Deus, quem é esse senhor Vicente?

Arrebentei o cadeado do cofre da alma e, bem por cima das memórias nele afetuosamente guardadas, ah!, minha gente, meus olhos da mente se encheram de saudades do Almirante, que fazia dupla sertaneja com o Casa Branca.

Esses violeiros, que também batiam nas cordas de violões, e gostavam de sentir uma sanfona caprichadamente rasgada e a chorar largado pela pressão de dedos e força de braços de malvados sanfoneiros ‘xonados dimais’, davam show no insubstituível ‘Pratas da Casa’, programa de rádio que eu produzia e apresentava aos sábados, das 17h00 às 19h00.

Almirante, digno desse nome artístico, por sua alta patente nas modas de rios, mares, lagos e oceanos, feitas com lenhas e gravetos dos cerrados, sabia que era um histórico e militante da cultura popular de raiz na área. Casa Branca lhe dava cobertura, de voz suave e necessária.

Mesmo tendo deixado a carreira radiofônica, o amigo de toda a vida, jamais saiu de perto de mim, dos meus. Arlete e eu fomos os seus padrinhos, nas segundas núpcias com a hoje chorosa Janete.

Nos onze anos de vida do nosso mais velho, Theozinho, teve uma canja e tanto no salão escolhido. Os convidados cantaram juntos com Almirante e seu parceiro. De hoje em diante, cantaram silentemente, como nós, de saudades dele, do seu jeito mineiríssimo de ser, de uma simplicidade incomum e de um coração bondoso.

Fizemos uma missa sertaneja. Duas, aliás. A primeira, na Igreja de Santo Antônio (elevada a Santuário Santo Antônio), nos tempos de outro amigo saudoso, o Frei Cândido; a segunda, na Igreja de Santa Rita, de que tinha por pároco o também estimado Padre Fábio, Sebastião Fábio Girolamo. Como Almirante, ao lado de outros irmãos de caminhada como o Luar, de Dono da Lua e Luar, do Leninho, da Luar e Leninho, Bill e Biônico, Trio Mensageiro, Del e Mirante, Romero e Rob Loiro, nunca faltou com a amizade mais leal comigo, principalmente em dias difíceis e em cujos ombros pude encostar a cabeça.

É, Janete! Quantas patacoadas dissemos, rindo até quase mijar nas calças, como pessoas que se amam como devemos amar aos nossos entes queridos, de sangue e consideração.

O caipira, avesso à anestesia e a rodeios, proseia nas minhas oreia (sic):

– Pra morrê basta tá vívu!

Sai fora, respondo. Amigos, como o Almirante, não morrem. Tal qual os que creem na vida eterna, descansam no Senhor!

Sujeitinho oreiúdo, hein! E as minhas, são uma gracinha! kkk

Preciso chorar. Silêncio.

Informações das despedidas ao Vicente:

Théo Maia

Dr. Theo Maia

Advogado Previdenciarista (OAB-SP 16.220); sócio-administrador da Théo Maia Advogados Associados; jornalista; influenciador social; diretor do Portal Notícias de Franca; bacharel em Teologia da Bíblia; servo do Senhor.

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