O novo incêndio do Edifício Andraus
Há um dito popular que ouço deste a infância: raio não cai duas vezes no mesmo lugar. A vida, no entanto, nos ensina e prova que isso não é verdade absoluta. Já vimos um mesmo ponto ser sinistrado mais de uma vez por faíscas vindas do céu e – no sentido mais figurado do raciocínio – o incêndio Edifício Andraus, construído em 1950, na avenida São João, cruzamento com a rua Pedro Américo, um dos cartões postais paulistanos da época, ocorrido na noite da última terça-feira (24/09), é o segundo no mesmo prédio. O primeiro – de elevada gravidade, deu-se em no fim de tarde e noite de 24 de fevereiro de 1972, O fogo começou no setor de crediário da loja Pirani, que funcionava no térreo, alastrou-se por toda a estrutura e provocou a morte de 16 pessoas e ferimentos em outras 320.
O sinistro impactou a cidade e a população. O coronel Jonas Flores, comandante do Corpo de Bombeiros do Estado, mobilizou mais de 20 helicopteros – apenas um do governo do Estado – que conseguiram salvar 500 pessoas que se encontravam no prédio e não podiam descer porque o fogo começou no térreo e subiu aos outros andares. As vítimas foram resgatadas e transportadas ao Campo de Marte e à Praça Princesa Isabel e dalí para o socorro médico.
A cidade ainda estava impactada pelo fogo no Andraus quando, no dia 1º de fevereiro 1974, houve o segundo megaincêndio, desta vez no Edifício Joelma – hoje rebatizado Edficio Praça da Bandeira – na rua santo Antonio, onde pereceram 187 ocupantes e outros 300 restaram fe maioria funcionários de um banco que operava no imóvel. Eram 756 os ocupantes do prédio e entre eles houve quem, acuado pelo fogo, saltou para a morte.
Coube ao cel. Jonas Flores, que comado entre 1969 a 76, a tarefa de pilotar o combate aos dois principais incêndios da Capital. Sua ação, mutas vezes contundente, levou a profundas mudanças na instituição. Ampliaram-se os recursos e os equipamentos e até a legislação de combate aos incêndios e o licenciamento dos imóveis com mais rigor e segurança contra fogo. Ao deixar a chefia dos Bombeiros, o militar foi designado para o comando da Casa Militar do Governo do Estado, que engloba a Defesa Civil. Dali, tornou-se juiz militar, onde se aposentou. Faleceu em 2020 e recebeu imporrtantes homenagens no âmbito da corporação onde tantos bpms serviços prestou.
Os incêndios dos edifícios Andraus e Joelma foram duas traumáticas experiências para a população paulistana. Mas o contencioso que deles sobreou levou o Estado a modernizar os trabalhos de prevenção de incêndios e a melhor equipar seus quartéis de Bombeiros. A partir das providências adotadas como resultado da luta do cel. Flores, muitas vidas foram salvas. O segundo acidente do Andraus, nesta terça-feira é exemplo disso. Assim que foram chamados, os bombeiros da área chegaram ao local e cominaram o fogo em 20 minutos. Prova de que vivemos numa cidade melhor e mais segura…