Ensino ou aprendo com o autismo?
No último domingo, dia 02 de abril, comemorou-se o Dia Mundial de Conscientização do Autismo, um tema muito importante que gostaria de discutir aqui. Porém, assim como um passe açucarado no futebol, passo este artigo para um grande profissional de Educação Física que, em pouco tempo, vem realizando um belíssimo trabalho em Araxá/MG com atendimento a crianças e adolescentes com o TEA (Transtorno do Espectro Autista). Trata-se do meu ex-aluno de futebol e afilhado de crisma, Gabriel Rizi, que conduz essa excelência em atendimento de um modo que o autista necessita, com carinho e conhecimento. “Tá” com você jovem:
“O autismo é um assunto que deve ser muito discutido e estudado nos dias de hoje, o qual só vem aumentando o número de diagnósticos, como também estes vêm sendo concluídos em idades cada vez mais precoces. O autismo é um distúrbio do desenvolvimento humano que vem sendo estudado pela ciência há quase seis décadas”. (MELLO, Ana. 2016).
De acordo com dados divulgados pela Organização Mundial de Saúde (OMS), um em cada 160 pessoas, principalmente crianças, apresenta o TEA. Durante a infância alguns sintomas podem se tornar comuns em crianças autistas, como por exemplo: estereotipias (movimentos repetitivos), dificuldade em estabelecer contado visual, alterações nas funções motoras, seletividade alimentar, sensibilidade a alguns sons e texturas, dificuldades de concentração e autonomia.
Comecei a trabalhar com crianças com TEA durante a pandemia e é muito gratificante ver a evolução delas e percebi que se fala muito de inclusão, mas na prática, ela pouco existe. Ainda existe muito preconceito em relação à socialização e poder ajudar essas crianças e familiares na busca de uma adequação melhor é algo desafiador que me contagia a cada dia de trabalho. Através das atividades físicas, conseguimos evoluir a questão da independência de alguns alunos, desenvolver a coordenação motora, trazer qualidade de vida, reduzir as estereotipias, ansiedade e estresse e a hipotonia muscular (tônus muscular enfraquecido). Os esportes podem contribuir de forma significativa para a adaptação social das crianças na sociedade, diminuindo a questão anti-social, e aprimorando a função comunicativa com outras pessoas.
Além de todos os resultados alcançados a cada atendimento, acredito ser eu, o professor, que mais ganha com isso. A gratidão de cada sorriso, a evolução da minha paciência em aula, a empatia para com os familiares, a compreensão de que terá dias que o plano de aula será instantaneamente alterado pela condição atual do aluno. Enfim, alcançar pequenas metas simples no dia a dia com a ajuda da Educação Física pode parecer pouco, mas para crianças com TEA é um avanço gigante. São vitórias e vitórias diariamente. Porém, necessitamos de uma maior conscientização da sociedade e buscar a inclusão dentro dela, pois, lugar de autista é em todo lugar, e para quem trabalha com eles sabe o que é o amor mais puro e verdadeiro.
Gabriel Rizi
Profissional de Educação Física
Fabiano Cardoso Pradela
Colunista esportivo, Profissional de Educação Física, Empresário
Maravilhoso artigo, Fabiano e Gabriel! Parabéns, Gabriel pelo magnífico trabalho@
Hoje, em minha sala de aula, tenho dois alunos autistas e posso dizer com imensa alegria que aprendo muito mais com eles. Todos os dias há um novo desafio e uma nova alegria. Cada sorriso, novo movimento, nova conquista é intensamente celebrada. Ali dentro daquele corpinho, recheado de luz azul, há riquezas infinitas. Que Deus nos permita aprender a cada dia mais a despertar os seus saberes.