Dinheiro dos idosos vira fantasma dos políticos

O incidente que derrubou o presidente do Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) tende a ser o novo fantasma a assombrar os escaninhos do governo do presidente Lula, que tanto tem feito para se viabilizar candidato a um novo mandato em 2026 e tem encontrado muitos problemas pelo caminho, que chegam a inviabilizar suas engenhosas atitudes políticas. As mudanças no Imposto de Renda, o pé-de meia aos estudantes outras benesses distribuídas, têm tudo para garantir sua reeleição, mas ela poderá não acontecer se o “fantasma” atacar como já fez em épocas passadas.
O desconto não autorizado de contribuição dos aposentados para associações e sindicatos ditos vinculados aos políticos governistas tende a provocar mais baixas no quadro e a trazer dissabores e a continuidade da perda de popularidade de Lula e do governo. O pior é que, conforme evoluir, pode trazer de volta velhos fantasmas que infernizaram a vida do presidente e já lhe renderam o encarceramento de 581 dias no âmbito da Operação Lava Jato.
O problema dos aposentados estabelece uma nova luta política entre situação e oposição, Os situacionistas tentam imputar o problema ao governo de Jair Bolsonaro – pois teria acontecido a partir de 2019 – afirmam que Lula foi quem mandou investigar e chegou à grande fraude. O próprio governo diz que vai devolver aos velhinhos o que foi indevidamente descontado de seus salários. Mas, mesmo assim, a oposição articula a montagem de uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) na Câmara dos Deputados para apurar a fundo o problema. Até a noite de ontem (24) já haviam coletadas 70 das 170 assinaturas exigidas para os interessados protocolarem a investigação.
Quando é instalada, uma investigação no Congresso Nacional é um verdadeira bomba-relógio. Além das questões objetivamente colocadas, existe todo o balanço político, as culpas e malfeitos a apurar e o antagonismo decorrente da polarização. Ninguém, com os pés no chão, é capaz de prever como um processo desses pode terminar e nem as suas consequencias para os envolvidos.
Além dos problemas já enfrentados por Lula, a Nação ainda lembra dos impeachments de Fernando Collor (1992) e de Dilma Rousseff (2016). Ambos deixaram marcas profundas. Collor, o outrora caçador de marajás purgou a inelegibilidade e depois dela voltou a eleger-se. Mas nesta quinta-feira restou preso pela Polícia Federal, por ordem do ministro Alexandres de Moraes, do Supremo Tribunal Federal, para cumprir pena ainda foi afastado da presidência da República. Acusado de receber propina de um esquema de distribuição de petróleo, foi condenado a 8 anos de prisão. Dilma Rousseff, por sua vez, foi melhor tratada e apesar de retirada do governo, continuou elegível e hoje preside do Banco dos Brics, onde o Brasil é um dos proprietários e operadores.
Por cota dos antagonismos, as lideranças políticas brasileiras têm encontrado muitos problemas pelo caminho. Jair Bolsonaro, por exemplo, é acusado de uma série de crimes e irregularidades (o principal deles tentar montar um golpe de Estado) e hoje encontra-se com a inelegibilidade decretada e indiciado como réu em processo no STF.
Apurar e julgar os ditos escândalos políticos-financeiros- administrativos é tarefa do Poder Judiciário. A demora no encontro da solução pode ser atribuída à grande quantidade de recursos disponíveis no ordenamento jurídico brasileiro, que chega a descredibilizar o sistema.
Não me cabe, como cidadão, emitir opiniões sobre o trabalho judicial. Isso é tarefa do Ministério Público e dos defensores dos réus. Preocupa-nos, no entanto a situação em que as lideranças políticas – notadamente os ex-governantes – enfrentam depois de terminados seus mandatos. Melhor seria se não houvesse o antagonismo permanente que há décadas vem fazendo sofrer os políticos e, com eles, os seus seguidores. Se alcançarmos a paz, será melhor mas, para isso, precisamos melhorar os controles.
Toda a Nação sabe que Lula faz um governo gastador. A ministra do Planejamento, Simone Tebet, disse ontem que o próximo governo, independente de quem seja o presidente, tem de conter gastos vigorosamente. Importante previsão para o futuro. Pena que a ministra, que tem essa sombria previsão para o próximo mandato, não esteja empenhada a convencer seus pares e, principalmente o chefe, a começarem a economia já.