O Líder na Administração Pública
Por João Jacinto e e Tales Bittar
Ninguém é alguém sozinho!
Hoje vamos falar sobre a figura do líder na administração pública, que deve ser uma pessoa firme, de posicionamentos, indutora de debates e aglutinadora de pessoas. Infelizmente vemos que essa figura, principalmente entre os ditos novos líderes, é cada vez mais rara.
Já estamos cansados de ouvir que fulano “é a renovação que a política precisa” ou que beltrano “não faz política velha”. Entretanto, esse é o único discurso que eles apresentam, mas não são mais capazes de inflamar os corações da população, de formar grupo.
Observamos que esses novos políticos querem ser líderes das redes sociais, querem ser pop stars da política, mas tem um medo gigantesco de que alguém do seu entorno (assessores, secretários, ministros, correligionários partidários entre outros) demonstre conhecimento maior sobre determinado assunto.
Vemos prefeitos e prefeitas indicarem para secretários e assessores pessoas menos capacitadas que eles próprios, para que a solução de qualquer tipo de problema parta única e exclusivamente de seus gabinetes, ou pior ainda, quando nomeiam pessoas altamente capacitadas para gerir uma pasta, não permite que elas tomem decisões de fato ou construam políticas públicas que verdadeiramente atendam aos cidadãos.
Claro que isso não é realidade apenas do Executivo, pois no legislativo isso ocorre muito. De fato, nas Câmaras da maioria das cidades não existe a figura da assessoria e o parlamentar está de fato sozinho. Porém, cabe a esse vereador olhar para a realidade da sua casa legislativa e propor que seja construída uma assessoria que o auxilie nas análises dos projetos apresentados pelo executivo e na elaboração de bons projetos mediante as necessidades apresentadas pela população.
Os vereadores não podem permitir que a Casa do Povo seja um apêndice da Prefeitura e que aprove qualquer coisa que o Executivo solicite. Evidente que para isso é necessário recurso e, sim, sabemos que o recurso é escasso, mas ele existe, basta os vereadores pararem de devolver todos os anos recurso para prefeitura e investir em uma estrutura que permita a eles oferecerem o melhor do seu trabalho à população.
Bom, voltando na questão dos líderes da administração pública, nós como eleitores e cidadãos precisamos identificar esses líderes de verdade, pois suas decisões afetam diretamente nossas vidas.
O Ex-presidente Itamar Franco, que assumiu o país após o impeachment de Fernando Collor de Mello, reuniu uma equipe altamente técnica no Ministério da Fazenda, liderada por Fernando Henrique Cardoso, e juntos criaram o Plano Real, que salvou a economia brasileira.
A conjuntura dessa equipe possibilitou a candidatura e vitória do Fernando Henrique em primeiro turno na eleição seguinte para a presidência.
Fernando Henrique, enquanto presidente, convidou José Serra para ser seu ministro da saúde e cria o maior programa de acesso a remédios do país, o genérico, e reestrutura o SUS, que hoje é o maior programa de saúde pública do mundo.
No governo do Estado de São Paulo o então Governador Mário Covas encontrava-se em uma situação degradante das economias públicas, contudo, junto com sua equipe, formatou programas de desenvolvimento que foram aprovados como leis que norteiam até hoje os passos do investimento do Estado. Os governadores Geraldo Alckmin, José Serra e João Doria pautaram seus governos em projetos desenhados pela equipe de Covas.
Trazemos esses exemplos dentre muitos outros para dizer que os líderes precisam compor equipes e não ter medo delas, pois apenas com elas é possível construir algo que mude mesmo a vida do cidadão.
Por fim, prestamos uma homenagem ao Prefeito da Cidade de São Paulo, Bruno Covas, que de fato foi um líder muito jovem que o Brasil perdeu. Com um exemplo gigantesco dentro de casa, que era seu avô Mário Covas, não tinha como não trilhar um grandioso caminho.
Bruno foi presidente da juventude de seu partido, Deputado Estadual, Secretário Estadual, Deputado Federal, Vice-Prefeito e Prefeito. Só conseguiu alçar isso tudo, pois sempre trabalhou em equipe e mesmo sabendo de sua doença terminal, enfrentou uma das eleições mais difíceis do País, que é a eleição para a prefeitura de São Paulo. Compôs e estruturou uma equipe para governar a cidade mesmo em sua ausência.
Caro eleitor, precisamos nos envolver na política e na administração pública para encontrarmos líderes que não tenham medo de liderar!
João Jacinto, advogado e Tales Bittar, Gestor de Políticas Públicas, são sócios fundadores da IG2P - Inteligência em Gestão de Políticas Públicas.