Opiniões

Meio século de vida

Por Soraia Veloso

Você já parou para pensar que ao fazer 50 anos você está completando meio século? Confesso que isso não saia da minha cabeça desde que entendi que em 2021, eu faria 50 anos. O problema é que no caminho para completar minhas cinco décadas, havia a pandemia e eu fiquei com muito medo desta data não chegar. Mas eu quero dizer para vocês que eu consegui. Eu fiz 50 anos em fevereiro. Foi sem festa, sem aglomeração, só ao lado da minha família.

Por que estou dizendo tudo isso? Porque esta é minha primeira coluna aqui no Portal Folha de Franca e vocês precisam saber quem sou eu. Além disso, é uma marca histórica, nos faz pensar muito na vida, no nosso lugar neste mundo, em filosofar mesmo.

Mas quem sou eu? Sou a Soraia Veloso Cintra, casada, mãe de dois filhos, professora universitária e, entre outras produções, autora do livro A mulher que não existe e outras histórias. Nesta estreia é preciso que vocês saibam que vamos falar sobre mulheres e com mulheres. Não é porque a coluna estreia em março (mês em que se comemora o Dia Internacional da Mulher), mas porque precisamos falar sobre nós. Sobre trabalho, combate à violência, educação, saúde, assistência social, alimentação e tudo o mais que despertar o nosso interesse.

Vamos, também, falar sobre mulheres inspiradoras, aquelas que nos trouxeram até aqui. Eu sempre agradeço às minhas avós e à minha mãe para começar. Todos nós, mulheres e homens, nascemos do ventre de uma mulher e, às vezes, nos esquecemos disto. Na história da humanidade, são muitas as mulheres que foram essenciais para construir e reconstruir o mundo no qual vivemos. Muitas foram apagadas da história e dificilmente vamos conseguir conhecê-las. Mas temos a obrigação de conhecer pelo menos aquelas que estão a nossa volta. São delas que vamos comprar alguma coisa neste momento de isolamento social; são para elas que vamos estender a mão quando a necessidade chegar.

Também precisamos conhecer as mulheres que estiveram e ainda estão na linha de frente do combate à pandemia, como as trabalhadoras nos serviços essenciais como supermercados e hospitais. Entendam. Não é que os homens não estejam. Mas as mulheres fizeram opções difíceis nesta crise. Algumas até se afastaram dos seus filhos e pais para garantir a segurança deles. Outras, porém, não tiveram a mesma chance e, infelizmente, perderam a batalha para esta doença sem precedentes.

O século XXI será marcado por questões que deveriam ter sido superadas, mas que ainda se fazem presentes e por isso nossa luta por igualdade, dignidade e democracia precisam ser contínuas. Que venham mais 50 anos.

PS: Não carregue o mundo nas costas. Nós mulheres merecemos um tempo só para nós. Que tal nos próximos dias você fazer alguma coisa diferente por você? Voltar a ler aquele livro que foi esquecido; sentar no quintal um instante e observar as nuvens, ouvir os pássaros; respirar fundo e deixar o pensamento fluir… me conte como foi a experiência.

Soraia Veloso é doutora em Serviço Social, especialista em estudos sobre mulheres e escritora. @soraiavelosocintra

Soraia Veloso

Doutora em Serviço Social, especialista em estudos sobre mulheres e escritora. @soraiavelosocintra

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