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Milei-Lula, uma contenda desnecessária

A desavença entre os presidentes Lula da Silva e Javier Milei já está indo longe demais. No próximo sábado, o mandatário argentino virá ao Brasil para encontro com o ex-presidente Jair Bolsonaro, em Balneário Camboriú (SC). Isso motivou o cancelamento de visita de Lula, no mesmo dia e hora, a Itajaí, distante 17 quilômetros. A assessoria de Lula disse que a viagem a Santa Catarina não estava programada, mas petistas aliados do presidente confirmaram que a agenda existia e foi suspensa, possivelmente para evitar manifestações ou protestos entre seguidores e simpatizantes dos dois lados.

Está na hora de amigos, auxiliares ou correligionários com alguma ascendência opinativa sobre os dois chefes de Estado fazerem algo para acabar com a desinteligência em favor da manutenção da regularidade nas relações dos dois países, tradicionais amigos, maiores economias do continente e sócios majoritários do Mercosul. Não devem esses dois senhores priorizar o pessoal a ponto desse azedar as relações entre os dois parceiros e líderes continentais. Deixar isso acontecer é investir na inviabilidade, o que não é bom para ambos os lados e nem para a vizinhança.

Javier Milei tem todo o direito de pensar o que quiser e Lula ou de qualquer outro chefe de Estado e de se relacionar com politicamente com melhor se afine. Mas não deveria (ele e ninguém!) partir para a ofensa a quem não lhe agrade. Não deve, no entanto, puxar a corda a ponto de inviabilizar as relações protocolares entre as nações. Quando um chefe de Estado amigo visita o nosso País, o correto é que seja recebido pelo nosso governante e vice-versa. Aceita-se, até, que em situações mais delicadas ou críticas, o chefe de Estado não se faça presente, mas seja representado por seu substituto legal ou pela diplomacia encarregada de representar o País na recepção.

Milei criticou (e até ofendeu) Lula no decorrer da campanha eleitoral argentina; O fez porque lutava para vencer o peronismo-kirchnerismo aliado do presidente brasileiro. Vencida a batalha, o mais indicado seria ter recolhido a artilharia e passado a viver protocolarmente com o vizinho. Não devem os dois governantes esquecer que as economias brasileira e argentina são interdependentes. Trocamos veículos, máquinas, cereais e outras mercadorias de alta importância. Não é a opinião pessoal de um (ou dos dois) presidente que deve trazer prejuízo a essas atividades de Economia e Estado. Enquanto os presidentes trocam farpas, milhares de argentinos e brasileiros poderão estar sofrendo prejuízos. Além do mais, os dois tentam expandir o Mercosul para acordos com outras regiões do planeta. Mas, brigando, talvez isso seja mais dificultoso.

O que o cidadão comete pessoalmente só a ele interessa e atinge. Mas o chefe de Estado é diferente. Ele tem a procuração para falar em nome de seis concidadãos. Milei fala por 46 milhões de argentinos e Lula por 203 milhões de brasileiros. Não podem abusar e nem se permitir a cometer arroubos como os que temos lamentavelmente assistido.

Argentina e Brasil precisam de eficientes bombeiros para apagar esse incêndio que tende a prejudicar ambos os países e, de quebra, ainda poderá liquidar os incendiários. Atuem todos os que puderem ajudar na recuperação da razoabilidade e dos bons costumes…

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

É dirigente da Aspomil (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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