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Medicalização. E é?

A medicalização, na medicina, refere-se ao processo pelo qual condições e comportamentos anteriormente considerados normais passam a ser definidos e tratados como problemas médicos.

Isso implica na transformação de questões sociais, psicológicas e comportamentais em diagnósticos médicos, que são então tratados com intervenções biomédicas, como medicamentos ou procedimentos clínicos.

Aspectos da Medicalização 

1. Expansão de Diagnósticos:

 A redefinição de estados normais da vida como doenças, como a tristeza, sendo vista enquanto depressão clínica ou a timidez como transtorno de ansiedade social.

2. Cultura do Medicamento:

A ênfase em tratamentos farmacológicos como a primeira linha de intervenção, promovida tanto pela indústria farmacêutica quanto por algumas práticas médicas.

3. Intervenções Cirúrgicas:

Aumento de procedimentos invasivos para tratar condições que poderiam ser manejadas por outras formas de cuidado.

Impactos da Medicalização

 • Positivos:

Pode aumentar o acesso a tratamentos para aqueles que realmente necessitam e a legitimidade de certos sofrimentos psíquicos e físicos.

 • Negativos:

Pode levar à medicalização excessiva da vida cotidiana, com o risco de tratamento excessivo, efeitos colaterais indesejados, estigmatização de comportamentos normais e aumento dos custos de saúde.

Exemplos de Medicalização

1. Transtorno de Déficit de Atenção e Hiperatividade (TDAH):

 Diagnósticos crescentes, e precipitados, em crianças, que podem ser resultado de comportamentos considerados normais em certas fases da vida.

2. Menopausa:

Tratada frequentemente com terapias hormonais, apesar de ser um processo natural do envelhecimento.

3. Drogas para Potencialização Cognitiva:

Uso de medicamentos para melhorar a performance mental em pessoas saudáveis.

Críticas e Alternativas

Muitos críticos apontam que a medicalização pode desviar a atenção de fatores sociais e psicológicos que contribuem para os problemas de saúde, promovendo uma visão simplista de que pílulas ou cirurgias são as únicas soluções. Alternativas sugerem uma abordagem mais holística e interdisciplinar, que considera o contexto social, psicológico e ambiental dos pacientes.

 Conclusão. A medicalização é um fenômeno complexo e de várias faces. Enquanto oferece benefícios em termos de tratamento e reconhecimento de certas condições, também levanta questões éticas e práticas sobre a extensão do controle médico sobre o cotidiano das pessoas. É essencial buscar um equilíbrio que respeite a individualidade e a diversidade das experiências humanas, promovendo saúde de maneira integral e inclusiva.

Théo Maia Pedigone Cordeiro

Médico de Família e Comunidade pelo Hospital Israelita Albert Einstein.

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