Machado de Assis – Reconhecimento Internacional no TikTok e a Educação no Brasil
Os livros de Machado de Assis, Memórias póstumas de Brás Cubas e Dom Casmurro, recentemente, por causa da postagem de Courtney Henning Novak, no Tik Tok (@courtneyhenningnovak), reacenderam a importância internacional do escritor brasileiro. A influenciadora tem um projeto pessoal de leitura de livros, de cada país, por ordem alfabética. Está na letra “B” e se diz inconformada de não conhecer Machado de Assis antes. Conforme tradução do vídeo dela no TIK TOK ela diz que: “preciso ter uma conversa com o pessoal do Brasil. Por que não me avisaram antes que este é o melhor livro já escrito? O que vou fazer do resto da minha vida depois que terminá-lo? Tem um monte de coisa para ler ainda, mas nada vai se comparar a isso daqui. Eu agora quero aprender português, preciso aprender”. Ao falar sobre o Machado de Assis afirma ser um escritor brasileiro, um tesouro, que o mundo inteiro deveria estar enaltecendo sua obra e que ele deveria estar ao lado de Shakespeare. Ao falar sobre Dom Casmurro, finaliza com a afirmação de que, na primeira opinião, Capitu não traiu Bentinho. Os leitores podem mudar a opinião dela, mas, ela é do time da Capitu. Machado de Assis, por causa das novas tiragem e tradução, está nos livros mais vendidos na Amazon dos Estado Unidos. As grandes mídias noticiaram esse fato e eu, por ter um estudo meu no pós-doutorado na USP, não poderia de refletir, novamente, sobre a educação no Brasil e de como não valorizamos os brasileiros. Machado de Assis é um escritor do movimento literário denominado de realismo, que sucede o romantismo. O realismo surgiu na segunda metade do século XIX, relata a sociedade e a vida como ela é, apresenta situações do cotidiano, explora temas sociais, econômicos e políticos com abordagem crítica. No Brasil damos pouco valor aos estudos da nossa Língua Portuguesa. Poucos cursos voltados para obtenção de formação científica, com profundidade acadêmica, com rigor científico, ainda existem. A grande maioria é a distância e superficial. Nesse sentido, como defensor da Língua Portuguesa tenho me empenhado em estimular alunos, amigos, profissionais e políticos a se dedicarem aos estudos da língua como forma de desenvolvimento pessoal e profissional. Acredito realmente que um povo que não domina a sua língua é um povo escravizado. A cultura passa pelo domínio da língua. Nos cursos de Direito, a linguagem jurídica tem pouco relevo e, na maioria das instituições, o ensino está ultrapassado e é pouco valorizado pelos discentes, justamente por desconhecerem a importância dessa ferramenta que é a língua e o poder da linguagem. Nesse ponto, preciso destacar a sensibilidade da Deputada Estadual por Franca, Delegada Dra. Graciela, que depois de me receber em seu gabinete, propôs projeto de lei para instituir o Dia da Língua Portuguesa no Estado de São Paulo. Finalizado com a pergunta: até quando vamos deixar de reconhecer a importância do povo brasileiro para o mundo e achar que os outros são melhores que nós? É preciso uma influenciadora de TIK TOK falar sobre Machado de Assis para reconhecermos o valor desse escritor? Precisamos dar à educação o valor que ela tem e implementar políticas públicas, agendas públicas, na qual a educação seja realmente um valor real, concreto e palpável e não apenas uma palavra utilizada para impactar discursos políticos prolixos, enfadonhos e sem eficácia. O ensino no Brasil atinge índices lamentáveis, embora, todos os governantes dizem dar prioridade para a educação. Nesse momento estamos com universidades federais em greve. Será que se a educação fosse prioridade no Brasil professores teriam salários indignos e greves existiriam? Os fatos falam por si!
