Lula e os riscos de se manter abraçado a Maduro
É difícil prever qual será o destino da consulvionada Venezuela. Os acontecimentos até agora conhecidos não constituem garantia de que o presidente Nicolás Maduro resistirá a pressão internacional e permanecerá no poder mesmo sob a acusação de ter fraudado a eleição. E nem que poderá haver algum tipo de intervenção – militar ou não – que dê outro destino à crise. A única certeza é que existe pelo menos 2 mil presos, dezenas já morreram e pelo menos duas centenas estão feridos por conta do conflito eleitoral. O ditador pouco se importa com os protestos pois a única coisa que quer, a qualquer preço, é continuar no poder por mais seis anos.
Como bom amigo e não querendo ficar mal perante a comunidade internacional, o presidente Lula, juntamenter com seus colegas da Colômbia e do México advertiram que, para resolver a polêmica criada com a oposição, que garante ter ganho a eleião por mais de 60%, num quadro onde Maduro só teria conseguido 30% dos votos. Os três países pediram a divulgação dos boletins de votação. Com os votos divulgados não haveria do que duvidar. Mas Maduro, em vez disso, mobilizou seus amigos da repartição eleitoral e de Justiça e, em vez de divulgar a votação, enviou toda a documentação à Suprema Corte, que a escondeu. Daí resta a desconfiança de dezenas de países – inclusive Estados Unidos e União Europeía – de que a divulgação dos números da eleição não foram divulgados porque Maduro teria realmente perdido a eleição e estaria, hoje, tentando permanecer atraves do “tapetão”.
Diante da negativa à sua sugestão, o mínimo que os três presidentes deveriam fazer é afastarem-se da contenda. O mexicano assim o fêz, mas o brasileiro e o colombiano ainda continuam posando de aliados de Maduro e do chavismo. Oxalá o “banho de sangue” anunciado na campanha eleitoral não se concretize e a Venezuela não acabe de entrar num regime de barbárie. Se isso ocorrer, mais mortes forem registradas e o povo for levado a mais sofrimento, os insistentes apoiadores de Maduro poderão ser considerados co-autores. Lula e o colombiano Gustavo Petro deveriam descer do bonde enquanto é tempo para não se tornarem sócios da desgraça.
A ordem de prisão ao candidato de oposição, Edmundo González Urrutia – que teria vencido as eleições – é a postura mais inconveniente de um governo que se vê acuado pela oposiçãqo e pelo povo. Em vez de continuar afirmando “eu ganhei”, Nicolás Maduro deve arrumar as malas e voltar para casa no dia que terminar o seu mandato, entregando a Venezuela a quem de direito. Não pode continuar se valendo da mão forte da repartição eleitoral e da jusiça sob o seu controle para continuar governando mesmo sem o respaldo inconteste dos votos.
Quanto a Lula, por mais simpatia que possa nutrir por Maduro, a ponto de relevar as ofensas do venezuelano, precisa encontrar melhores conselheiros para não continuar investindo suas fichas na banca quebrada do vizinho. Nós, brasileiros, que já assistimos tantos agravos vindos da Venezuela desde os tempos de Hugo Chávez, só podemos torcer para que nosso presidente abra os olhos e a crise do vizinho não venha a nos impactar. Lembremos que o mínimo que pode acontecer à Venezuela se Maduro continuar governando, é o recrudescimento do bloqueio econômico dos Estados Unidos e outros países. Precisamos evitar que esse tipo de represália possa um dia atingir nosso país na condição de co-autor das anormalidades cometidas pelos chavistas.
Considere-se que Maduro e sua cúpula estão lutando ferozmente para permanecerem não por simples sede de poder, mas para livrar a própria pele. Se a Venezuela voltar a ser uma efetiva democracia, os dirigentes do chavismo correm o risco de serem processados e julgados até por crime de guerra. A obra de governo que realizaram ao longo dos últimos 25 anos, onde quebraram o pais, fizeram o povo sofrer e provocaram muitas mortes é agravo suficiente para essa represália. E eles, sem dúvida, não querem passar o resto de seus dias encarcerados…
Penso que as possibilidades de Lula tornar-se líder mundial – se é que existiram – já estão anuladas por conta de suas escaramuças com Israel, sua postura em relação à guerra Rússia-Ucrânia e outras questões internacionais onde meteu o bico sem ser chamado e sem pensar nas consequências. Agora, continuar abraçado a Nicolás Maduro quando este comete explícitos e novos crimes contra a democracia e seu povo, só pode agravar a situação. Não queremos que a estupidez política e a truculência do chavismo possam impactar o Brasil e nos prejudicar na comunidade internacional. Por favor, distancie-se do conflito, senhor presidente…