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A solução democrática para a Venezuela

O determinado ditador Nicolás Maduro comprovou ao mundo, no final de semana, que seu projeto se restringe apenas a permanecer no poder, mesmo que ilegitimamente. Teve a oportunidade de, divulgando os boletins com o número de votos na eleição de 28 de agosto, dar credibilidade ao pleito e à sua apuração. Bastaria levar a votação a conhecimento público para poder proclamar, sem contestação, o nome do vencedor. Preferiu, no entanto, autoanunciar sua vitória e esconder o conteúdo das urnas, fato que deu à oposição e aos países e organismos internacionais a certeza de que a fraude se fez presente.

Observamos (e continuo observando) os presidentes Lula (Brasil), Gustavo Petro (Colômbia) e Lopez Obrador (México) por, embora vendo a má-vontade de Maduro, continuar buscando entendimento com seu governo e sofrendo a retaliação internacional. Somos , no entanto, levados a considerar que foi essa leniência dos três países que impediu a Venezuela de Maduro de tomar do Brasil controle da embaixada argentina prender os opositores que lá se encontram refugiados e “varrer” a documentação diplomática existente no prédio que, com truculência, foi cercado e teve o fornecimento de eletricidade suspenso pelos comandados do regime chavista. Num possível instante de lucidez ou medo do quadro ficar ainda pior, Maduro revogou a ordem de invasão. E a Argentina – apesar das dificuldades do seu presidente com Lula – reconheceu a proteção brasileira, que ainda se faz presente à sua representação diplomática em Caracas.

Não há alinhamento ou simpatia ideológica que justifique apoiar um quadro como o vivido hoje na Venezuela. Não utilizando o único meio de poder provar que ganhou a eleição, Nicolás Maduro tem só a alternativa de deixar o poder. Mas ele quer permanecer, talvez por temer que com a chegada de um governo e regime democrático, possa ser julgado até por crime de guerra pelos governos desastrosos a que submeteu o povo venezuelano, a ponto de provocar a fuga de 8 milhões de compatriotas, que hoje estão vivendo em outros países, 500 mil deles só no Brasil. Seria interessante que Lula, Petro e Obrador, mesmo não partindo para o rompimento de relações com a Venezuela, se distanciassem do agora fraudulento governante que, apesar do pecado eleitoral, ainda está submetendo seu povo à perseguição e levou até o seu opositor Edmundo González Urrutia – que garante ter ganho a eleição – a buscar exílio na Espanha para evitar ser trancado no cárcere.

Maduro cirou obstáculos para Maria Corina Machado, a líder da oposição concorrer à presidência. Não aceitou outra indicada e possivelmente não teve o que alegar para impedir a candidatura de González Urrutia. Mas agora, diante da possibilidade dele ter ganho maioria dos votos, que prendê-lo sob uma série de acusações que não se sustentam. É um verdadeiro estupro à democracia que se diz praticar no vizinho país.

Espera-se agora que os Estados Unidos, a União Européia e os demais países que não reconheram a anunciada vitória de Maduro – inclusive Brasil, Colômbia e México – pressionem a ONU (Organização das Nações Unidas e a OEA (Organização dos Estados Americanos) para a busca de uma saída para a crise venezuelana. Que o órgão que acionou o Tribunal Penal Internacional pedindo a prisão de Maduro dê assistência e sequencia ao processo em busca de uma solução antes que a Venezuela possa entrar em guerra civil que poderá provocar incontável número de vítimas, muitas delas fatais.

Nicolás Maduro – sem trocadilho – deu provas de não dispor de maturidade para governar seu país e muito menos para reconhecer um resultado eleitoral que não lhe seja favorável. O ideal é que abandone o poder de forma negociada e, se isso não for possível, que os organismos e nações que não reconhecem seu direito de permanecer, o façam recuar. Salvem a Venezuela e seu povo. O cidadão venezuelano merece essa proteção e consideração da comunidade internacional. Protegê-lo nesse momento difícil é o melhor a se executar …

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

É dirigente da Aspomil (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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