60 anos da família Crespo e depois Pereira em Franca!

Por Lila Machado Crespo Pereira

Foi na década que 60 que meus pais Paulo e Suely Crespo resolveram se mudar do Rio de Janeiro para Franca. A ideia foi do meu pai que já, naquela época, buscava maior qualidade de vida para sua família, na época só eu era nascida e na sequência veio meu irmão Márcio.

O Rio de Janeiro não é perto, naquela época então, Dutra nem Anhanguera eram duplicadas, D. Pedro nem existia muito menos asfalto entre Batatais e Franca.

Nos primeiros dias nos hospedamos no Hotel Francano, que era uma linda construção onde hoje fica o Banco Itaú, até nos estabilizarmos no Edifício Franca do Imperador, na Praça Barão.

Minha mãe era uma mulher muito bonita e inteligente e não deixava de fazer o que gostava devido a opiniões alheias, como usar calça comprida, dirigir um jipe e tomar café nos bares da Praça Barão, ela adorava o café coado servido nos bares da época.

Não tínhamos família em Franca, mas meus pais foram muito bem acolhidos e fizeram muitos amigos queridos na cidade, um deles era justamente o proprietário de um dos cafés da praça.

Minha mãe fez carreira como professora em Franca, cursou História na Unesp, então Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras de Franca, depois pós graduação, mestrado e doutorado na USP-SP e era professora titular da Unesp até seu falecimento precoce, justamente quando preparava sua livre docência. A Escola Estadual Suely Machado, no Brasilândia, é uma homenagem ao seu trabalho.

Meu pai, que sempre apoiou a causa feminista, também deu todo o suporte à minha mãe para que ela estudasse e seguisse a carreira acadêmica. Ele também deixou sua marca na cidade que tanto amava, fundou junto com outros amigos o Clube de Campo da Franca, depois o Distrito Industrial e também a AMCOA – Associação dos Manufatureiros de Couro, onde permaneceu até poucos anos antes de seu falecimento. Ele está enterrado aqui em Franca, a seu pedido, cidade que escolheu como sua.

Eu e meu irmão crescemos em Franca, mas passávamos as férias inteiras no Rio de Janeiro e a família sempre vinha passar tempos conosco, sendo que em todas as datas importantes eles estavam aqui, avós, tios e primos. Estudei no Colégio de Nossa Sra. de Lourdes, Pestalozzi e no EETC, joguei basquete, vivi intensamente os Jogos da Primavera, e o Clube de Campo era nossa segunda casa, aliás eu o frequento até hoje com minha família.

No final dos anos 70 me mudei de volta para o Rio onde cursei a universidade, trabalhei, conheci meu marido, me casei e tivemos nossa primeira filha, Giovanna. Vínhamos sempre à Franca para visitar minha família, meu marido virou fã da cidade e nos anos 90 nos mudamos para Franca, tal qual fizeram meus pais, deixando trabalho, família e amigos no Rio de Janeiro.

Uma vez mais Franca nos acolheu, vários de meus antigos amigos estreitaram os laços, novos amigos foram feitos e vieram os primeiros francanos da família, nossos filhos Gabriela e Leonardo e nosso sobrinho Rafael. Crespos, agora também Pereira, eram finalmente francanos.

Como meus pais, talvez seguindo o exemplo, me envolvi na comunidade, fui trabalhar na ACIF – Associação do Comércio e Indústria de Franca e na Santa Casa de Misericórdia, permanecendo por vários anos. Vi o Hospital do Câncer nascer e fiz parte da fundação do Centro de Voluntários da Saúde, assim como do CME – Conselho da Mulher Empreendedora de Franca e já há alguns anos faço parte do Grupo Mulheres do Brasil. Sempre envolvida em ações que tragam o melhor para nossa cidade. Podemos dizer que dos 200 anos de Franca a família Crespo-Pereira esteve presente e atuante durante  60 anos, na cidade que escolheram como sua.

Lila Machado Crespo Pereira é formada em Letras – Tradução e Interpretação pela PUC-Rio de Janeiro e pós graduada em Marketing e Estratégia de Negócios e em Administração Hospitalar. Aposentada, atua hoje no STB – Intercâmbios. Casada com Onides e mãe de Giovanna, Gabriela e Leonardo.