Homenagem ao Escuta Ativa destaca a relevância do combate à violência contra a mulher

Há alguns dias, a Câmara Municipal foi palco de uma Sessão Solene dedicada ao primeiro ano de existência do Instituto Escuta Ativa, aqui de Franca. O autor da homenagem foi o vereador Daniel Bassi que, sensível à causa do combate à violência contra a mulher, viu nas realizações do Escuta Ativa alvo merecedor da deferência. E o é, com toda a certeza.

Eu tive a enorme felicidade de, ao lado de queridos amigos, compor a mesa de honra. Tivemos, então, a oportunidade de usar a tribuna para falar um pouco da trajetória e do trabalho dos idealizadores do Instituto, o promotor de Justiça dr. Cláudio Escavassini e sua mulher, a advogada Carol Escavassini.

Embora ambos não busquem protagonismo dessa história e façam questão de dividir o lindo legado que estão construindo, é necessário deixar registrado como tudo começou, como vem sendo desenvolvido e o que significou aquela noite de 27 de junho.

Comecemos pelo final. O plenário da Câmara não estava lotado para o evento. Mas os que ali estavam entendem a relevância desse trabalho do Instituto, que busca acolher, orientar e amparar mulheres que são vítimas de violência dentro de suas próprias casas.

Todos os que se fizeram presentes conhecem de perto o trabalho que o casal Escavassini vem fazendo desde março do ano passado, quando criaram o Escuta Ativa. Em plena pandemia, os dois profissionais perceberam o crescente número de casos de violência e a dificuldade aumentada das vítimas em buscar ajuda. Órgãos com funcionamento reduzido, departamentos fechados, profissionais afastados… enfim, o atendimento à mulher vítima de violência, que já não era estruturado da maneira ideal, também ficou mais complicado durante o auge da pandemia.

Além dessa preocupação, dr. Cláudio e Carol – conhecedores das engrenagens das instituições públicas e das estruturas da Justiça – enxergaram um ponto crucial que poderia ajudar a “organizar” melhor esse atendimento tão prioritário.

Lembro-me muito bem deles me dizerem, em entrevista há pouco mais de um ano, que Franca conta com profissionais valiosos e engajados nesse tipo de atendimento e instituições com boas estruturas para oferecer esse respaldo, mas faltava uma linha que unisse tudo isso em rede.

E foi assim, reunindo entidades, instituições, iniciativa privada, grupos sociais e profissionais especializados em torno do atendimento do Escuta Ativa, que se começou a desenhar um atendimento mais encadeado.

Depois de pouco mais de um ano de existência, a atuação ganhou vulto. Como dr. Cláudio costuma dizer, hoje em dia o Escuta Ativa conta com um exército de quase 3 mil pessoas que procuram ajudar no combate à violência contra a mulher. Nesse curto espaço de tempo, o trabalho dessas pessoas, às quais orgulhosamente me juntei por meio da Rede Maria da Penha, já ajudou a mudar a vida de quase 300 mulheres… de 300 famílias.

A homenagem proposta pelo vereador Daniel Bassi naquela noite de 27 de junho foi significativa, portanto, porque fez um registro histórico de todo esse trabalho. Esse registro jornalístico que faço agora, contribui para enaltecer tudo o que foi alcançado, mas, também, para mostrar que há muito a ser feito. Afinal, ainda é muito grande o número de mulheres que continuam acuadas em suas próprias casas, vítimas de maridos, namorados, pais violentos que as subjulgam. Ainda é angustiante saber que há tantas mulheres -e seus filhos – em situação de risco, de dúvida e de medo.

Por essse motivo, é que costumo dizer que o trabalho do Escuta Ativa é daqueles primordiais, mas que a gente torce para que em breve não seja necessário. Esse é, também, o desejo dos idealizadores do Instituto e de todos nós que nos envolvemos nessa causa.

Enquanto esse objetivo não é atendido, é importante divulgar cada vez mais esse trabalho, de maneira que as informações e o atendimento chegeu a quem é mais importante nessa história: as vítimas de violência. Ajude a divulgar o WhatsApp do Escuta Ativa: WhatsApp (16) 99184-4403.

Essse atendimento via WhatsApp é, inclusive, um dos grandes diferenciais do Instituto Escuta Ativa. A facilidade de contato levou as mulheres a se encorajarem a pedir ajuda. Ajuda que chega na forma de orientação e de esclarecimento, e, também, de ação prática.

Em Franca, o Escuta Ativa realiza, também, a “busca ativa” de mulheres em situação de violência doméstica. Além do acolhimento, apoio emocional, esclarecimentos relacionados a direitos, o Instituto também coloca essas vítimas em canal de comunicação direto com o Ministério Público.

Galeria da homenagem ao Instituto Escuta Ativa

Um pouco do muito que tem feito o Escuta Ativa

Com uma ideologia bem definida sobre as necessidades de se lutar contra as injustiças, os fundadores do Instituto descobriram, em pouco tempo, que precisariam direcionar o trabalho de maneira específica para que o atendimento fosse realmente efetivo para quem mais precisa. “O Escuta Ativa começou com a ideia de acolher mulheres em situação de vulnerabilidade. Mas logo percebemos que o problema era mais amplo. Não há como trabalharmos por igualdade de gênero, sem passar pela igualdade racial. Mulheres negras são aquelas que mais sofrem violência, mas são as que menos procuram os serviços de proteção”, disse Carol Escavassini. “Continuamos avançando na busca da proteção integral e passamos, também, a abordar o tema crianças e adolescentes que vivenciam violência dentro de casa”, disse ela.

Parcerias importantes

O Escuta Ativa também trabalha em parceria com a Comissão de Combate à Violência contra Mulher da OAB-Franca, o que tem trazido frutos importantes, como levar informação a jovens das Escolas Públicas e orientação especial a profissionais que trabalham na linha de frente do combate à violência contra a mulher, dando a esses, capacitações por meio de palestras e cursos. “Essa também é uma forma de cada pessoa, cada profissional se posicionar como peça central dessa luta”, disse Carol, lembrando foram realizados cursos e Palestras online para cidades como Batatais e São Carlos, além de visitas presenciais em Morro Agudo e Ituverava.

Outra parceria destacada do Instituto é a que foi estabelecida com o Grupo Mulheres do Brasil, que tem trabalho ativo no combate à violência contra a mulher. O Núcleo de Franca do Grupo conta com o Comitê Niara, cujas integrantes atuam direta e voluntariamente no Cram (Centro de Referência e Atendimento a Mulher). As Mulheres do Brasil também participaram de curso de capacitação promovido pelo Ministério Público, de maneira a se capacitarem cada vez mais para lidar com esse cenário tão delicado que é o da violência doméstica contra a mulher.

O Instituto também faz parte de uma aliança com outros órgãos do mesmo segmento na região. São eles: Mulheres Égide, Bom da Cuca, Efêmera de Ribeirão Preto, Projeto Pérola de Taquaritinga e Projeto Marias de Santa Rosa do Viterbo.

Passado pouco mais de um ano desde o seu início, o Escuta Ativa hoje conta com quase 3 mil pessoas ligadas à sua rede de atuação. Profissionais, amigos e admiradores do projeto que colaboram para que o Instituto leve informação qualificada mais longe e para quem precisa.

Se você quiser acompanhar todo o trabalho que o Instituto realiza, siga no Instagram: @institutoescutaativa, onde você encontra, também, muita informação relevante e diversificada.

O Instituto segue com o objetivo de ajudar mais mulheres. Por esse motivo, pede ajuda para que todos divulguem o WhatsApp de contato: