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Histórias do bicentenário de Franca, parte III

O portal Notícias de Franca publica hoje a terceira parte de uma série de textos especiais em homenagem ao bicentenário de Franca.

Os artigos contam a história da cidade, desde quando era apenas um pouso dos bandeirantes, ainda no século XVIII, até os dias atuais.

O projeto é de autoria de Isa Marguilet. Ela fez detalhada pesquisa nos acervos do museu de Franca, nos sites oficiais e deu se toque pessoal para recontar a história da nossa cidade. Acompanhe, compartilhe com os amigos, com as crianças… É um jeito gostoso de descobrir ou redescobrir a nossa Franca.

Semana passada contei que Franca foi fundada em 28 de Novembro de 1824 e aqui se fez uma vila pacata e tranquila!

Ah, como era linda e pacata a cidade de Franca, lá no ano de 1838, quando ainda se chamava Villa Franca do Imperador. Era um lugar tão tranquilo, de boa vizinhança de ruas de terra batida. Havia agitações só aos domingos e feriados quando os fazendeiros vinha a vila para a missa. Bem, era tranquila até o Capitão Anselmo Ferreira de Barcellos decidir que era hora dar um pouquinho de emoção a cidade.

A figura ilustra o Arraial de Franca – Ano de 1827. Desenho de Willian John Burchell. O censo de 1824 apresentava uma população de 5.827 habitantes (Fonte: Arquivo Municipal de Franca)

Tudo começou com uma troca de poder na cidade. Antes, os poderosos fazendeiros locais, como nosso protagonista Capitão Anselmo, mandavam em tudo. Eles dominavam até os cargos judiciais. Mas aí chegaram os novos governantes, comerciantes eleitos pelo presidente da Província de São Paulo e pelos moradores locais em uma eleição no dia 7 de setembro de 1836. Entre esses novos líderes estava Manoel Rodrigues Pombo, um juiz de paz que acabou se tornando o alvo principal do Capitão Anselmo.

Capitão Anselmo, um fazendeiro respeitado e prestigiado (pelo menos até então), não gostou nem um pouco de perder seu poder e influência. A solução que ele encontrou era recrutar 70 homens armados, muitos deles com fichas criminais que fariam inveja ao mais duro bandido de faroeste. E assim, em uma madrugada escura e silenciosa, decidiu que era hora de fazer justiça com as próprias mãos.

Imagem gerada com uso da IA, por Guilherme Alvim

A cidade acordou em pânico quando Capitão Anselmo e sua turma cercaram a casa do juiz de paz, pretendendo acabar com ele. Foi um festival de caos: prisioneiros foram soltos, autoridades depostas e um pai de família brutalmente assassinado. Os liberais, defensores dos novos governantes, pintavam Anselmo como um “tigre malvado” no comando de um bando de malfeitores. Já os conservadores, não ficando para trás, acusavam os liberais de serem cúmplices do Capitão.

Imagem gerada com uso da IA, por Guilherme Alvim

Depois de dias de terror, as autoridades finalmente sufocaram a rebelião. Franca, que estava no meio de um verdadeiro filme de guerra, finalmente voltou à normalidade. A cidade foi elevada a sede de uma comarca e ganhou seu próprio juiz, graças à lei provincial nº 7, de 14 de março de 1839. Era o começo de uma nova era, cheia de esperança e ordem.

Imagem gerada com uso da IA, por Guilherme Alvim


Mas o final dessa história é igual aos dias atuais onde o dinheiro fala mais alto que a justiça. Em novembro de 1839, Capitão Anselmo e seus comparsas foram julgados na cidade vizinha de Batatais, para garantir que o julgamento fosse justo. E, surpreendentemente, todos foram absolvidos das acusações de sedição e homicídio até mesmo os foragidos da justiça que se juntaram ao Capitão Anselmo.
Simmmm, você leu certo, ABSOLVIDOS!!!

Imagem gerada com uso da IA, por Guilherme Alvim

Assim, a Anselmada virou uma lembrança dos dias tumultuados de Franca, uma história de poder, conflito e, no final das contas, mesmo com essa notícia tão ruim Franca ganhou uma comarca e passou a se chamar apenas Franca! Hoje, podemos olhar para trás e rir um pouco dessa história quase inacreditável, quando Franca quase virou um cenário de filme de bangue-bangue.

E se você achou interessante essa história não deixe de ler os próximos capítulos que vou contar! Até…

Isa Marguilet

É contadora de histórias, atriz, escritora, recreadora infantil e fundadora da Acim

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