As mulheres têm algo a dizer?

Por Joelma Ospedal

A ideia partiu da minha querida amiga Soraia Veloso Cintra e nasceu de uma inquietação poderosa que ela não pôde ignorar. Profundamente comprometida com a representatividade da mulher, Soraia ficou indignada ao ver a história de Franca, nesse aniversário de 200 anos, ser contada apenas pelas vozes ou por meio das histórias dos homens da cidade. Foi então que ela pensou: “se ninguém pensa nas mulheres, vamos pensar nós. Afinal de contas, o que elas têm a dizer?”

Encorajada pela animação de Perpétua Amorim e Lígia Freitas, Soraia me propôs de forma despretensiosa, por Whatsapp mesmo, que eu abrisse espaço no portal Notícias de Franca para a publicação de textos de mulheres escritoras de Franca, trazendo perspectivas femininas sobre a cidade. Aceitei de pronto! Como entusiasta da arte, da palavra e, principalmente, das mulheres, imagine minha alegria em poder (participar e) contribuir de alguma maneira para essa manifestação única – e, arrisco dizer, histórica – de mulheres da nossa cidade!

E assim nasceu a série “O que elas têm a dizer”, que só se tornou realidade graças à adesão de mais de 50 mulheres talentosas que nos presentearam com um pouco do seu olhar sobre Franca. São olhares paulistanos, mineiros, cariocas, capixabas (…) e francanos, por meio dos quais compartilhamos histórias, memórias e reflexões. Olhares que mostram que Franca continua a ser um terreno fértil para sonhos e realizações, apesar dos muitos problemas que enfrenta.

Cada uma de nós trouxe uma perspectiva única e valiosa, contribuindo para um mosaico vibrante que não só celebra Franca em seus 200 anos, mas vai além. Esse projeto nos uniu em torno de nós mesmas, nos conectou, nos levou a passagens tocantes da nossa trajetória por aqui e nos fez refletir sobre a nossa participação nessa história.

Ao ler as mais de 20 mil palavras desses textos todos (leia aqui), passeamos por reflexões pessoais e revisitamos muita coisa de Franca, como o basquete, a Francana, o calçado, o trabalho das sapateiras e sapateiros, o Hallel, a Expoagro, o JK, a Fonte da Careta e tantos outros marcos históricos e culturais. (continua após a publicidade)

Nos deliciamos com as noites enluaradas, as árvores, o capim mimoso, as Três Colinas, as serestas, as muitas histórias das ruas, bairros, escolas, igrejas, faculdades, clubes, cinemas da cidade. Os festivais de música, as lojas, as competições esportivas. Uma Franca mineira, terra dos sonhos. Uma Franca na qual encontramos equilíbrio entre a vitalidade urbana e a tranquilidade interiorana.

Nos permitimos pensar na cidade como espaço para nossas conquistas pessoais, acadêmicas e profissionais, a criação dos filhos, o refúgio no qual Franca se tornou para muitas, mesmo tendo sido uma chegada difícil. Vimos a força da ancestralidade, das conexões, da família, do trabalho e da importância de valorizar as belezas e tradições da cidade. Assim como também somos confrontadas com a importância de não ignorar as desigualdades sociais e a realidade difícil que muitas pessoas enfrentam por aqui.

Os temas abordados nos permitiram pensar numa Franca que alimenta mentes, que valoriza a arte, que abriga mães corajosas, mulheres donas de gestos heróicos.

Uma Franca empreendedora; uma Franca solidária. (continua após a publicidade)

Uma Franca que às vezes nos faz pensar em ir. Uma Franca que nos faz ficar. Nossa aldeia, nossa Pasárgada. Uma franca pela qual nutrimos amores diversos.

Uma Franca de mulheres com múltiplos talentos que iluminam tudo. E por isso, empresto da querida Lígia Freitas o título de “Franca, cidade luz”.

E diante de tanta diversidade e beleza dos textos, me vi em dúvida sobre o que escrever. O céu, as árvores e as pessoas de Franca – três temas que amo e que me ocorreram abordar – já estavam muito bem representados. Por isso, então, vesti minha roupa de jornalista e fiz o que mais gosto de fazer, contei a história de como tudo começou, mostrando um pouco do que você vai encontrar nessa série de textos. Ela é tão plural, que me sinto preenchida e feliz por poder lê-la e compartilhá-la. Me vejo representada em cada história, em cada dificuldade, em cada conquista. Espero que você também se encontre nessas linhas.

Um obrigada imenso a todas nós, mulheres! Com a palavra e com a ação; com o  coração e com a força; com a inspiração e com a luta; com a resiliência e com a atitude; com a doação incondicional que conseguimos fazer, também construímos  Franca. E, sim, nós, mulheres, temos muito a dizer.

Esse texto faz parte da série “O que elas têm a dizer” deste portal Notícias de Franca, em que escritoras de Franca homenageiam a cidade pelos 200 anos, comemorados no próximo dia 28 de novembro. Soraia Veloso, escritora e francana de coração, é a idealizadora do projeto.