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“Me vi desolada, dilacerada… sem chão”, diz cantora Desiré, sobre reflexos da pandemia

Shows cancelados, projetos adiados e a incerteza de quando a vida voltará ao normal. Estes foram apenas alguns dos problemas que muitos artistas passaram a conviver diariamente por causa da pandemia da Covid-19. Hoje com 47 anos – 31 deles dedicados à música – a cantora Desirê Thomaz Medeiros, mais conhecida apenas como Desirê, precisou se reinventar e enfrentar os monstros que surgiram devido às medidas restritivas contra o avanço da doença. Entre eles, a depressão.

“Eu sou cantora, essa é a minha profissão. Cantava de terça-feira a domingo, sem férias. Meu chão se abriu. Me vi desolada, dilacerada… sem chão”, conta. “E quando digo isso não estou falando apenas do dinheiro, mas do todo. Minha vida é o contato com o público, essa troca de energia. A pandemia veio e me vi perdida depois de mais de 30 anos fazendo apenas uma coisa”, completa.

Casada e mãe de dois filhos – André Miguel de 18 anos e Monalisa de 11 anos – Desirê começou sua carreia aos 16 anos. Na época cantava com o irmão e juntos formavam a dupla Ângelo e Desirê. Parte de uma família envolvida com a música, o pai foi maestro e os três irmãos também são músicos, antes da pandemia a cantora fazia shows em diversos eventos e bares, em média, seis dias por semana. Em março do ano passado, primeiro momento em que as medidas restritivas foram anunciadas na cidade, teve toda sua agenda cancelada.

“Só nós artistas sabemos o que estamos sentindo e passando em todo este período. Neste ano, quando os bares voltaram a abrir, cheguei a fazer três shows, era a retomada e estava esperançosa, mas logo depois já voltamos para a fase vermelha e tudo parou”, disse.

Sem shows, Desirê passou a se sentir cada vez mais melancólica e sem perspectivas. Desde o início da pandemia, existe a certeza de que o setor de eventos é o que levará mais tempo para voltar a normalidade. “Fiquei triste, melancólica e com falas e ações que não pareciam minhas, não tinha vontade de nada, então procurei acompanhamento médico e descobri que eu, sempre alegre e cheia de vida, tinha desenvolvido uma depressão profunda.”

Desde então ela se trata com medicamentos e segue fazendo acompanhamento médico. “Me sinto melhor hoje, mas sigo com o tratamento.”

Novos passos

Em busca de renda e também de manter a mente ocupada, Desirê começou a procurar formas de se reinventar. Assim como artistas famosos do cenário brasileiro, ela também adotou as lives. “Passei a fazer as lives, me vender como artista de outra forma né? Fazia as lives e contava com patrocínios. Além disso, também passei a vender cosméticos para ter uma renda”, conta. “Até modelo eu virei, com 47 anos me peguei sendo convidada para fotografar para alguns parceiros comerciais e estou me virando”, completou.

Futuro

Apesar do futuro incerto, depois de um ano de pandemia a cantora não acredita que voltará a ter sua rotina de volta neste ano. Desirê tem muitos planos para o futuro. Junto com o irmão Ângelo, seu primeiro parceiro na carreira musical, criou o duo ‘Manos’. Juntos eles já acumulam diversos compromissos, mas para que os mesmos sejam realizados, a situação precisa melhorar e os eventos serem liberados. “Não acho que voltaremos a normalidade tão cedo. Olho minha agenda e está cheia de compromissos, mas todos suspensos pela pandemia. Enquanto as coisas não são retomadas, seguirei lutando da forma que é possível e me reinventando quantas vezes for necessário”, concluiu.

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