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Xi Jinping lamenta morte de Kissinger; outros líderes mundiais chamam diplomata de estadista

SÃO PAULO, SP (FOLHAPRESS) – O presidente Xi Jinping e altos funcionários chineses enviaram mensagens de condolências ao presidente dos EUA, Joe Biden, após a morte do diplomata Henry Kissinger, informou o Ministério das Relações Exteriores nesta quinta-feira (30).

Kissinger, que visitou a China mais de 100 vezes e se encontrou pela última vez com Xi durante uma viagem surpresa a Pequim em julho, morreu na quarta-feira (29), aos 100 anos.

“O Dr. Kissinger era um bom velho amigo do povo chinês. Ele é um pioneiro e construtor das relações sino-americanas”, disse o porta-voz do ministério, Wang Wenbin, em uma coletiva de imprensa.

Kissinger fez contribuições “históricas” para a normalização das relações China-EUA, e o povo chinês o lembrará por sua “devoção sincera e contribuição importante”, acrescentou Wang.

O primeiro-ministro chinês, Li Qiang, e o ministro das Relações Exteriores, Wang Yi, também enviaram mensagens de condolências à família de Kissinger e ao secretário de Estado dos EUA, Antony Blinken, respectivamente.

“Kissinger acreditava que as relações China-EUA são vitais para a paz e prosperidade dos dois países e do mundo em geral”, disse Wang Wenbin.

“A China e os EUA deveriam promover a visão estratégica, coragem política e sabedoria diplomática de Kissinger. E promover o desenvolvimento sólido, estável e sustentável das relações China-EUA”, afirmou.

O presidente russo, Vladimir Putin, expressou suas condolências pela morte do ex-secretário de Estado dos EUA em uma mensagem à viúva, Nancy,. No telegrama, Putin afirmou que Kissinger foi um “estadista sábio e perspicaz”.

“O nome de Henry Kissinger está inextricavelmente ligado a uma linha pragmática de política externa, que em certo momento possibilitou alcançar um relaxamento nas tensões internacionais e chegar aos acordos sino-soviéticos mais importantes que contribuíram para o fortalecimento da segurança global”, disse.

“Tive a oportunidade de me comunicar pessoalmente com este homem profundo e extraordinário muitas vezes, e sem dúvida guardarei as mais caras lembranças dele.”

Para o primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, a morte de Kissinger marca o fim de uma era em que “seu formidável intelecto e destreza diplomática não apenas moldaram o curso da política externa americana, mas também tiveram um impacto profundo no cenário global”.

“Tive o privilégio de encontrar Kissinger em inúmeras ocasiões, sendo a mais recente há apenas dois meses em Nova York. Cada encontro com ele não era apenas uma lição em diplomacia, mas também uma aula magistral em estadismo. Sua compreensão das complexidades das relações internacionais e suas visões únicas sobre os desafios que nosso mundo enfrenta eram incomparáveis.”

O ex-presidente dos EUA George W. Bush disse, no início da madrugada, que o país perdeu uma das vozes mais confiáveis e distintas em assuntos externos.

“Eu sempre admirei o homem que fugiu dos nazistas quando criança, de uma família judia, e depois os combateu no Exército dos Estados Unidos”, afirmou. “Quando mais tarde se tornou secretário de Estado, sua nomeação como ex-refugiado disse tanto sobre sua grandeza quanto sobre a grandeza da América. Ele trabalhou nas administrações de dois presidentes e aconselhou muitos outros. Sou grato por esse serviço e conselho, mas sou mais grato por sua amizade”.

Bush disse ainda que sentirá falta da sabedoria do charme e do humor do amigo. “E sempre seremos gratos pelas contribuições de Henry Kissinger.”

O chanceler alemão Olaf Scholz disse que Kissinger moldou a política externa americana. “Seu compromisso com a amizade transatlântica entre os EUA e a Alemanha foi significativo, e ele sempre manteve uma proximidade com sua terra natal alemã. O mundo perdeu um grande diplomata.”

O ex-primeiro-ministro britânico David Cameron, recentemente nomeado chanceler do Reino Unido, manifestou tristeza e chamou Kissinger de “grande estadista”.

“Ele foi um grande estadista e um diplomata profundamente respeitado que fará muita falta no cenário mundial”, disse.

Para o primeiro-ministro japonês, Fumio Kishida, o ex-secretário de Estado fez grandes contribuições para a paz e estabilidade regionais, incluindo a normalização das relações diplomáticas entre os EUA e a China.

“Eu mesmo tive o privilégio de encontrá-lo muitas vezes desde que era jovem, e adquiri muito conhecimento com ele. Gostaria de expressar meu mais profundo respeito por suas grandes realizações.”

O embaixador da China nos EUA, Xie Feng, afirmou estar chocado e triste com a morte de Kissinger.

“Minhas mais sinceras condolências vão para Nancy (esposa de Kissinger) e sua família. É uma perda tremenda para ambos os nossos países e para o mundo. A história lembrará o que o centenário contribuiu para as relações China-EUA, e ele sempre permanecerá vivo nos corações do povo chinês como um amigo mais estimado.”

O presidente do Conselho Europeu, Charles Michel, ofereceu suas condolências aos americanos e à família de Kissinger.

“Tive o privilégio de me encontrar com Henry várias vezes. Um ser humano gentil e uma mente brilhante que, ao longo de mais de 100 anos, moldou os destinos de alguns dos eventos mais importantes do século. Um estrategista com atenção aos menores detalhes.”

Winston Lord, ex-embaixador dos EUA na China e ex-assistente especial de Kissinger no Conselho de Segurança Nacional afirmou que o mundo perdeu um defensor incansável da paz.

“A América perdeu um grande defensor do interesse nacional. Perdi um querido amigo e mentor. Henry combinou o sentimento europeu de tragédia e o sentimento de esperança do imigrante americano”, disse. “Durante mais de sete décadas, ele transformou o papel da América no mundo, manteve a nação unida durante uma crise constitucional, elaborou volumes visionários, aconselhou líderes mundiais e enriqueceu o discurso nacional e internacional.”

A diplomata Cindy McCain, viúva do senador John McCain, lembrou da convivência entre os dois.

“Henry Kissinger estava sempre presente na vida do meu falecido marido. Enquanto John era prisioneiro de guerra e nos últimos anos como senador e estadista. A família McCann sentirá muito a falta de sua sagacidade, charme e inteligência”, lamentou.

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