Governo Lula anuncia R$ 150 milhões para reforçar patrulhamento e evitar ataques em escolas
MARIANNA HOLANDA E JULIA CHAIB
O governo do presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) anunciou que disponibilizará R$ 150 milhões para estados e municípios ampliarem rondas policiais no entorno de escolas. A decisão foi tomada, após mais um ataque a crianças. Desta vez, ocorreu em uma creche em Blumenau (SC), deixando 4 crianças mortas e mais três feridas.
O anúncio foi feito por ministros, após reunião chamada às pressas pelo chefe do Executivo no Palácio do Planalto. Os recursos para a medida virão do Fundo Nacional de Segurança Pública (FNSP), do Ministério da Justiça. “O presidente da República decidiu que o Ministério da Justiça vai fortalecer o apoio às rondas escolares, patrulhas escolares. Isso será feito por intermédio de um edital. Vamos conversar com Camilo [Santana] e secretários estaduais”, disse o ministro da Justiça, Flávio Dino.
Além disso, o ministro anunciou que ampliará de 10 para 50 o número de policiais que participa do grupo de monitoramento da deep web e da dark web. “Estamos vendo nesse instante uma ideia de pânico, ameaças em relação a outras escolas, universidades. Estamos a partir de amanhã com 50 policiais que vão se dedicar nos próximos dias exclusivamente a monitoramento dessas ameaças na internet.”
O ministro atribuiu ataques contra crianças e jovens, como este de Santa Catarina, à “proliferação de discurso de ódio em várias esferas da sociedade”, o que ele chamou de tragédia social.
Dino defendeu também projeto de lei de regulamentação das redes sociais, no qual o governo vem trabalhando.
“[A proposta] Ataca fundamentalmente [episódios como o de Blumenau]. Estamos insistindo, desde janeiro, que uma internet desregulada, como hoje o Brasil ainda mantém, desalinhada com as melhores práticas internacionais, acabam fazendo com que essa violência se sustente”, disse.
“É inaceitável que tenhamos hoje essas ameaças circulando nas redes sociais na internet e as plataformas não façam nada”, completou.
Os anúncios foram feitos a jornalistas após reunião com Lula, da qual participaram os ministros Paulo Pimenta (Secom), Camilo Santana (Educação), Nísia Trindade (Saúde), Márcio Macedo (Secretaria-Geral) e Sílvio Almeida (Direitos Humanos).
Lula assinou um decreto para criar um grupo de trabalho para criação de políticas de promoção da cultura da paz e não violência nas escolas.
Ministros disseram que o presidente está envolvido emocionalmente com os episódios. Após o encontro, ele participou de uma reunião com governadores de assinatura dos decretos que vão mudar o marco do saneamento. No início, Lula pediu um minuto de silêncio e voltou a chamar o caso de “monstruosidade”.
O grupo será coordenado por Santana e vai durar 90 dias. “Tudo isso é fruto do estimulo a violência, armas e intolerância”, disse Camilo a jornalistas.
Ele afirmou ainda que o episódio ocorreu em uma escola privada. “Caberia a obrigação da escola privada garantir a segurança privada dentro da creche. Esses fatos precisam ser discutidos e será o papel desse grupo”, completou.