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Anestesista acusado de estupro pode ter arriscado vida da vítima

Trechos inéditos do vídeo usado como prova contra o anestesista Giovanni Quintella Bezerra, acusado de estuprar uma mãe na sala de parto, mostram que o abuso durou cerca de dez minutos e ele colocou em risco a vida da paciente. As imagens foram exibidas pelo “Fantástico”, da TV Globo, na noite deste domingo (4).

Bezerra está preso em uma cela individual do pavilhão 8, em Bangu, no Rio de Janeiro. O juiz Carlos Marcio da Costa Cortazio Correa, da 2ª Vara Criminal de São João de Meriti, na Baixada Fluminense, marcou para o dia 12 de dezembro a primeira audiência de instrução do caso.

O anestesista foi preso em flagrante na madrugada de 11 de julho, depois que funcionários do Hospital da Mulher Heloneida Studart, na Baixada Fluminense, filmaram o crime com um celular. Nas imagens, o anestesista é flagrado colocando o pênis na boca da paciente anestesiada durante uma cesárea.

Nos novos trechos do vídeo exibidos pelo “Fantástico”, o médico aparece aplicando sedativos diversas vezes na vítima. Segundo o inquérito policial, foram sete aplicações, em uma quantidade que a perícia considera ter extrapolado a que é geralmente usada nos casos de cesáreas.

As imagens revelam também que alarmes sonoros tocaram na sala de parto, no momento em que o estupro era cometido. Eles seriam, de acordo com a perícia, do monitor que mostra a queda de saturação de oxigênio na paciente.

Além da sedação e da ausência de uma máscara de oxigênio, as vias aéreas da vítima, uma mulher que acabara de ter um bebê, teriam sido obstruídas pelo pênis do médico. Após o som chamar a atenção de outros médicos que estavam no centro cirúrgico, Bezerra teria desligado o alarme sonoro. Uma cortina usada para proteger a paciente impediu que os outros médicos vissem o abuso sexual.

Na avaliação de gestores de saúde ouvidos pela Folha após a prisão de Bezerra, condutas como aplicar medicação superior à usada pelos demais colegas e pedir que o acompanhante saia da sala deveriam ter despertado suspeitas no restante da equipe médica.

As imagens mostram ainda o momento em que o acusado usa uma gaze para limpar a vítima e a cama cirúrgica, após ejacular. A defesa de Bezerra pediu a revogação da prisão preventiva do médico, o que foi negado pela Justiça. Também foi solicitado o reconhecimento da ilegalidade da prova obtida e, portanto, de ausência de justa causa em razão da inexistência de indícios de materialidade e autoria. Esse pedido também foi negado.

O registro do crime foi feito pelo celular de uma das profissionais que acompanhavam a cirurgia. Segundo a Justiça, o aparelho ficou escondido na parte interna de um armário dentro do centro cirúrgico. De acordo com o “Fantástico”, a defesa do anestesista reivindica um teste de sanidade, com o argumento de ele ter histórico familiar de transtorno psicológico e ter usado medicamentos que aumentam a libido.

Logo após o flagrante, em audiência de custódia realizada no dia 12 de julho, a juíza Rachel Assad indeferiu a liberdade provisória e converteu a prisão em flagrante em preventiva. Na decisão, a juíza chamou a atenção para a gravidade do caso, ressaltando que Bezerra não se importou sequer com a presença de outros profissionais na sala de cirurgia. “A gravidade da conduta é extremamente acentuada. Tamanha era a ousadia e intenção do custodiado de satisfazer a lascívia, que praticava a conduta dentro de hospital, com a presença de toda a equipe médica, em meio a um procedimento cirúrgico”, disse.

Portanto, sequer a presença de outros profissionais foi capaz de demover o preso da repugnante ação, que contou com a absoluta vulnerabilidade da vítima, condição sobre a qual o autor mantinha sob o seu exclusivo controle, já que ministrava sedativos em doses que assegurassem a absoluta incapacidade de resistir”.

Na ocasião, a juíza destacou a brutalidade e a crueldade da ação e citou o desprezo do acusado pela dignidade da mulher e pela ética médica. O médico responde pelo crime de estupro de vulnerável.

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