Marcas de um Novo Tempo
Ex-prefeito de Franca pelo PT lança livro sobre sua trajetória e a do partido em Franca
O PT no poder
Aproveitar o bicentenário de Franca e contribuir para a história da nossa cidade com a minha experiência de dois mandatos de vereador e Prefeito. Franca está completando 200 anos. Ao longo desses dois séculos, muita coisa aconteceu. Parte dela foi nos oito anos do nosso governo. Então, eu achei que seria bom, nesse momento, nessa data marcante do município, contar a nossa história, contar a minha história, tudo aquilo que aconteceu ao longo dessa trajetória, desde quando o PT começou em Franca até o final do meu mandato em 2004.
Assim se expressa Gilmar Dominici ao sair do berçário Ribeirão Gráfica Editora, com o seu primeiro livro nas mãos, e cuja gestação se deu em sua pioneira e surpreendente gestão do campo da esquerda nestas paragens que, pelo dito popular, é uma ilha de paulista cercada de mineiros (paranaenses, nordestinos, goianos, …) por todos os lados, de mentalidade conservadora e auréolas provincianas, talvez saudosista do imperialismo que em foi concebida.
Veio antes da República. É de 28 de novembro de 1824. Dom Pedro I dava as ordens. A elite não o obedecia, pois que segurava o cetro também.
Os seus editos deram na primeira Constituição da história brasileira. Seguindo o menu do que manda quem pode e obedece quem tem juízo, a Lei Maior outorgava poderes ao imperador.
Não sendo uma capitania hereditária, por ser franca demais, a deixar bandeirantes e outros perdidos roçarem e rasgarem os seus seios e folgar em seu colo, em direção ao centro-oeste, em lombos de equinos e que tais, pegou os costumes desses forasteiros que, a exemplo do personagem de certa novela, queriam mesmo era ‘ouuuuuurooooooo’.
Amantes. Aproveitadores. Esqueceram crias suas aqui, que proliferavam em mancebias mantidas com os que, regionais, desbravavam com a força do braço e os seus sapatões, enchendo as mãos de calos na lavoura de café. O ouro verde não era a cor de precioso minério e, sim, a bebida preferida por motivos de sobrevivência e de economia.
O tempo pediu cento e trinta e quatro anos para empoderar a classe trabalhadora em suas colinas, várzeas e planaltos. Teria que formar parceria com Dona Tomázia e com o Senhor Ricieri e, em seu idílio, nos dar a Franca aquele que quebraria a tradição de eleição dos autoproclamados representantes das forças que mandam na cidade, como se as bases jamais deixariam de ser suas massas de manobras e cantassem como canta um pássaro preso.
Viria um parto de gêmeos, umbilicalmente políticos, Gilmar e Giovanni, a dupla do barulho que faria os poderosos perder o sono em seus berços esplêndidos de mandos e desmandos à frente da administração local, como coronéis, doutores, comendadores e detentores de títulos que, em certa medida, davam-se a si mesmos à moda das indulgências.
Deus nos perdoe! Ou as nomeações não rezavam na cartilha do tráfico de influência? Delegar tinha outras acepções.
A extravagância política teria que vir de um vereador que, ao nosso lado, em duas legislaturas, de 1989 a 1992 e de 1993 a 1996, merecia a classificação de agitador, abertamente dada pelos reacionários de sempre, porque, o mais pra frente e inquieto metia o nariz onde era chamado pelas necessidades pungentes de gentes esquecidas na periferia de uma terra que crescia pros lados, empurrando aqueles contingentes para bem longe das áreas dotadas de boa infraestrutura.
As forças incultas que não atacaram Jânio Quadros nem em sonhos podiam acreditar que o técnico em eletrônica, empregado da Souza Cruz, graduado em Serviço Social e professor galgaria a posto eletivo mais cobiçado, o de Prefeito de Franca!
Dentro do nosso espectro ideológico, solidarizávamos com o destemido jovem barbudo, que pelas articulações sindicais faria mudar, radical e democraticamente, os anais da história das pautas, lutas e modo de governar a cidade de Franca, subindo as escadarias do paço da Frederico Moura, na Cidade Nova, em busca de uma nova cidade.
Custou, mas chegou o Primeiro de Janeiro de 1997. Gilmar Dominici é empossado como Prefeito!
Sua reeleição foi a consequência legítima e esperada em 2000 de um governo de participação popular. De sua obra MARCAS DE UM NOVO TEMPO – um breve relato do primeiro governo de esquerda da cidade de Franca – lançado ontem, 28, às 16h00, na sede da APEOESP, São José, o qual pode ser adquirido por este WhatsApp: 55 61 99144 7170, com a presença de filiados fundadores e militantes do Partido dos Trabalhadores e de legendas da mesma federação partidária, autoridades, familiares e amigos do vice-presidente de Relações Institucionais da ABM (Associação Brasileira de Municípios), com sede em Brasília, vamos a duas sínteses-recortes pelas palavras do experiente autor:
“Foram vários temas e intervenções. Mas cito, como exemplo, uma forte e importante atuação nos bairros que ainda não tinham os melhoramentos. Naquela época, as pessoas compravam seus terrenos e sem a infraestrutura. Os loteamentos eram desprovidos de iluminação pública e rede de água e esgoto e depois era uma luta para fazer com que os serviços fossem implantados. Abracei a causa e, em conjunto com o Ministério Público, fizemos um grande movimento que resultou na regularização de um conjunto de loteamentos. Cito os exemplos do Aeroporto, Santa Bárbara, Vera Cruz, Paineiras e outros bairros novos. Isso me aproximou muito da população, que foi se identificando com a minha determinação em enfrentar o debate político com a Prefeitura, nos mandatos dos prefeitos Maurício Sandoval Ribeiro e Ary Balieiro, e os loteadores. Assim virei um ponto de referência de quem era oposição na cidade. (pág. 163/164)”
Tacada certeira
“P – O debate da Globo, realizado às vésperas da eleição, foi um fator definidor?GD – Avalio hoje como um fator de consolidação. Foi o fechamento de um avanço da candidatura. Naquele dia – final de noite de domingo, as pesquisas indicavam empate em segundo lugar com o Dr. Joaquim (PSDB). Em primeiro o Gilson de Souza (PFL), mas todos embolados. A minha performance no debate foi boa. Fui preparado, descansado, cheguei tranquilo. E tínhamos o Programa de Governo que ressaltei. Os demais não tinham. Assim acabou de consolidar o crescimento da candidatura e a vitória. (pág. 166)”
Intervenção na Santa Casa; estouro do orçamento e endividamento da Prefeitura; preservação do patrimônio histórico; orçamento discutido com a população; mutirões; avanços ambientais; transformação do transporte coletivo como modelo para o Brasil; e por aí vai cada página desse livro de Gilmar Dominici, em linguagem cativantemente clara e direta, registrando atos e fatos objetivamente comprováveis que foram subtraídos ou distorcidos do conhecimento público, dos conterrâneos e dos opositores decentes do autor. Omissão tem valor salgado. Nós pagamos.