Homem-Aranha Através do Aranhaverso é uma exuberância visual e narrativa
Em cartaz nos cinemas de Franca, longa-metragem é o melhor do gênero nos últimos anos e, provavelmente, nos próximos

Todo fã de super-herói tem um Homem-Aranha que chama de seu. Pode ser uma fase dos quadrinhos, uma das muitas séries animadas de TV, um filme para cinema, um videogame… O fato é que o herói aracnídeo ganhou numerosas roupagens ao longo das últimas décadas e hoje, mais de 60 anos depois de sua criação, ainda é um personagem popularíssimo que transcende gerações.
Qualquer que seja sua versão preferida, o fã vai encontrá-la em Homem-Aranha Através do Aranhaverso. O longa-metragem animado, em cartaz nos cinemas de Franca desde quarta-feira (31 de maio), apresenta nada menos que 200 variantes do herói.
A explicação para tamanha diversidade reside no conceito fictício do Multiverso, que a Marvel vem explorando há anos nos quadrinhos e no cinema, e que considera a existência de infinitos universos, cada qual com sua história própria, o que dá origem a uma teia de realidades alternativas.
Este conceito foi introduzido na animação anterior, Homem-Aranha no Aranhaverso, de 2018, que mostra o protagonista Miles Morales interagindo com contrapartes de outros mundos antes de assumir o papel de herói aracnídeo na sua própria realidade. Vale lembrar que quando Miles foi introduzido nos quadrinhos, em 2011, ele habitava uma Terra diferente da nossa, situada no chamado Universo Ultimate, e só mais tarde foi acolhido na cronologia regular da Marvel.
Conflitos
Homem-Aranha Através do Aranhaverso começa explorando a dificuldade de Miles para conciliar a rotina de estudos com o combate ao crime. Em meio a um conflito com seus pais, ele recebe a inesperada visita de Gwen Stacy, a Mulher-Aranha de uma destas realidades alternativas e que ele conhecera – e se apaixonara – na animação anterior.
A garota conta que passou a fazer parte da Sociedade Aranha, um grupo de Homens-Aranhas que se auto impôs a responsabilidade de proteger a frágil integridade do Multiverso e impedir que anomalias – como as ações do principal vilão da trama, o Mancha, ou a violação de fatos que devem acontecer – venham a destruir qualquer um desses mundos. Ao entrar em contato o líder do grupo, Miguel O’Hara (o Homem-Aranha do longínquo ano de 2099), Miles é confrontado com a difícil decisão de salvar uma única pessoa ou toda uma realidade.
Deslumbre visual
Dirigido pelo experiente Joaquim dos Santos (da série animada da TV Liga da Justiça Sem Limites, 2004-2006), Kemp Powers e Justin Thompson, Homem-Aranha Através do Aranhaverso é um deslumbre visual. Os animadores utilizaram diferentes estilos e paleta de cores para caracterizar cada universo ou personagem, conferindo a eles personalidade própria. Do cartum de cores chapadas a modelos tridimensionais, passando até pelo live action, estes estilos por vezes se misturam numa mesma cena ou na tela dividida.
Permeando esta exuberância há uma trama densa, que perpassa as dores do crescimento (para Miles e todos ao seu redor), o enfrentamento às hostilidades contra quem se arrisca no mundo lá fora, livre-arbítrio e coragem. A narrativa muitíssimo bem amarrada aproveita cada segundo das 2 horas e 20 minutos de projeção. Dos momentos mais emotivos à pura adrenalina das cenas de ação, cada sequência tem seu propósito, nada é desperdiçado. A audiência é constantemente bombardeada por informações e referências que fazem a alegria dos fanáticos por caçar pistas escondidas.
O elenco de Homem-Aranha Através do Aranhaverso traz vozes conhecidas de quem costuma acompanhar as produções de super-heróis. Oscar Isaac (da série Cavaleiro da Lua), dubla Miguel O’Hara; Hailee Steinfeld (de Gavião Arqueiro), Gwen Stacy. Bryan Tyree Henry (do filme Eternos) empresta sua voz para o pai de Miles, e Daniel Kaluuya (de Pantera Negra), para o Punk-Aranha.
Homem-Aranha no Aranhaverso, de 2018, ganhou o Oscar de Melhor Filme de Animação. É de se esperar que esta sequência siga o mesmo caminho e o ultrapasse, abocanhando estatuetas nas categorias técnicas. É o melhor longa-metragem do gênero dos últimos anos e, provavelmente, nos próximos. Só deve ser igualado ou superado pela última parte da trilogia, Homem-Aranha Além do Aranhaverso, marcado para estrear em março de 2024.