Opiniões

O dia em que a balança marcou 5 kgs a menos

‘Será? Será que isso está certo? Ué…’

Pesara no dia anterior, no dia anterior ao dia anterior, pesara em todos os marditos dias do ano…até nos temidos Dias de Natal, Domingo de Páscoa, Dia de Ano, todas as segundas… lá estava ela, a indefectível balança, esperando que ela lhe pagasse seus respeitos. E os números iluminados invariavelmente lhe gritavam sua vergonha , sua desgraça, sua miséria, ao refletir seu tamanho, seu manequim, sua bunda, seu volume, seus maiores pesadelos. E ela a repetir sua triste sina como Hardy, a hiena do cartoon : ‘Oh vida, oh azar!

Tentara tudo: cirurgia bariátrica, iridologia, homeopatia, acupuntura, benzedeira, várias nutricionistas, inúmeros endocrinologistas, terapia freudiana, yunguiana, reichiana, hipnotismo, charlatões e cientistas. O resultado de muito esforço, muita esperança e persistência era, quando ocorria, meia boca e temporário. Logo o corpo ganhava os volumes de sempre, até alguns novos! 😒

Mas em um país com tamanha miséria como o nosso ser obeso é privilégio. E também desonra. Falta de vergonha na cara. Preguiça. Moleza. Falta de persistência, de força de vontade. E totalmente fora de moda nos dias de hoje, com tantos recursos abundantes…

Então é enfrentar a sina de passar a vida toda nessa peleja de dieta, exercício físico, balança, depressão, oscilação, e o escambau… Até que um dia, sem mais nem menos, a balança mostra 5 kgs a menos. Acostumada a lidar com a sofrência e a negatividade das gordinhas, ela duvida do que vê! Pesa-se de novo: igualzinho! 5 kgs a menos. Muda a mardita de lugar: igualzinho!!

‘Ué, será? Será que o universo me deu uma folga dessas? Será que tudo que
tenho feito apareceu de uma vez só?

Será?

Essas coisas boas nunca acontecem comigo?

Será?’

Ela se olha no espelho, se vê e se sente mais magra. E começa a confiar no que havia visto na balança: começa a se achar mais bonita, mais charmosa… Se veste melhor, tira a eterna calça pum que usa em casa, faz uma caminhada, pinta os olhos e os lábios, escuta uma música animada no Spotify, quanto mais se mexe mais feliz fica.

Capricha ainda mais na dieta, no exercício, no pensamento afirmativo… passa um dia iluminado, finalmente acreditando que o universo havia lhe dado um presente impossível. Se sente mais capaz, mais determinada, mais empoderada, disposta a enfrentar tudo o que vier. Não vê a hora de se pesar no próximo dia para ver o quanto perderia.

Mal amanhece, ela já está na balança. Que agora mostra 5 kg a mais!!! ‘Como assim? Tudo que eu vivi ontem foi mentira?

Foi, bonita! Algo deu errado e vc caiu na pegadinha do Malandro. Mas vc foi feliz demais enquanto durou, né? Vc se transformou, não foi? Feliz. Confiante. Poderosa! Talvez esses sentimentos despertados possam te animar a perseguir essa alegria de viver. Ou podem ser a confirmação que sua vida é uma merda mesmo. Que nada dá certo!

De qualquer forma, a escolha está nas suas mãos. Os 5 kgs são difíceis de ir embora e de manter de fora. Já o baixo astral entra fácil e toma conta da energia da gente!

Quem vc escolhe?

Eliane Sanches Querino

É diretora executiva da Know How. Professora de inglês e empresária. É líder e uma das fundadoras do Grupo Mulheres do Brasil.

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