As lágrimas do garçom
Meu marido chega chateado em casa. Tinha ido abastecer o carro e encontrou um garçom muito querido da nossa churrascaria favorita.
-Como vão as coisas? perguntou.
-Ah, Zé, muito difícil! A gente estava começando a se reorganizar, fechou tudo de novo. Não sei como iremos fazer agora…
Dizendo isso, as lágrimas correram soltas pelas faces do gaúcho.
Meu marido não é de chorar. Mas se chateia, tem dificuldades depois em nomear o sentimento e a sua causa, por isso me contou. Ficou condoído de ver seu amigo chorar.
Fiquei com isso martelando na minha cabeça. São tempos difíceis, de luto e luta, tempos de lágrimas fáceis para quem tem um mínimo de compaixão e empatia. Se o garçom chora suas dores, choramos todos pelas pessoas falecidas, pelas sequelas físicas e emocionais, pelos empregos e pelas empresas… Não tem jeito. ‘Choram as rosas’ inclusive. Ou será que ‘as rosas não choram?’
Restaurantes, cafés, bares, lanchonetes e botecos acabam sendo considerados os vilões da covid. Mas será que teria que ser assim? Os primeiros a fechar e os últimos a reabrir sempre? Quem aguenta? Por isso queria fazer uma sugestão aos empresários e funcionários, como o garçom amigo do meu marido (meu também!)
Ao invés de serem o problema, sejam a solução. Criem um grupo para auto fiscalizar seus membros, assim tipo Conar, em que publicitários regulamentam a si mesmos. Se unam!! Façam vistorias antes da Vigilância ir visitá-los, discutam suas dificuldades e seus problemas, é preciso se unir!!
Negociar melhores horários de funcionamento (poucas horas =maior concentração). Os empresários estão todos muito sofridos, mas esse grupo e seus colaboradores que vivem de gorjeta são talvez, fora os profissionais de eventos, os maiores prejudicados.
Não saberia dizer se chovi no molhado. Mas me dói ver empresas fechando, demitindo, quebrando…
Além de tudo o que estamos sofrendo… As lágrimas do garçom nosso amigo caíram dos meus olhos também.
Cry me a river…
I cried a river over you 😪