Opiniões

Aparências

A Terra vista do espaço é uma das mais belas visões que nós, humanos, podemos ter, não me canso de referir. Certamente deve ser também para viajantes do espaço que passem por aqui. Nós consideramos o ambiente morno aconchegante, um lugar agradável, um abrigo seguro. Mas, certamente, não será essa a sensação do viajante de outras regiões do Universo que passasse por aqui. Sabemos, por experiência própria, que antes de se dirigir a qualquer ponto do Universo o explorador estuda previamente e de modo remoto, tudo o que ocorre no ambiente alvo. Certamente que nossos visitantes, quando aqui chegam – Nasa, ESA e órgãos similares negam, mas todo o resto acredita que chegam – já sabem praticamente tudo sobre nós e o nosso comportamento. Portanto, imaginemos que esses visitantes tenham a aparência do nosso manso e pacífico “gado vacum” – das vacas, cabritos, ovelhas, cavalos… Certamente alguém poderia considerar essa proposição uma ofensa aos nossos desconhecidos visitantes, pensar que eles se pareçam com bois, ovelhas ou asnos… Mas não é desonra pensar assim, afinal, não há um código de aparências no Universo. E quem nos garante que somos os mais bonitos em termos universais? E mais, eles poderiam se parecer com os peixes se oriundos de ambientes aquáticos de outros sistemas planetários. Pouco provável, nesse caso, é que se parecessem com o Aquaman, o ser meio humano meio atlante, ou com Namor, o príncipe submarino, ambos heróis das nossas histórias em quadrinho e, mais recentemente, do cinema.

        Mas, naturalmente, se nossos visitantes do espaço se parecessem com as nossas vacas e muares, certamente não considerariam a Terra um ambiente seguro por razões óbvias. Não precisa dizer que por aqui a importância dessas espécies aos humanos, que dominam todo o ambiente, é servirem de alimento ou ao transporte de carga. Enfim, a sobrevivência na Terra é garantida pela superação de obstáculos. O primeiro deles é sobreviver à possibilidade de se converter em alimento de outra espécie. Esse obstáculo já não é tão importante ao homem, hoje em segurança, alçado ao topo da cadeia alimentar no planeta. Mas é a realidade cada vez mais crítica das demais espécies, não só de sucumbirem como alimento, mas também por falta de ambiente porque nós, os humanos, somos folgados e já ocupamos quase todos os espaços disponíveis. E já não corremos atrás apenas de alimentos e segurança. Afinal descobrimos uma nova dimensão de bem essencial à vida: o dinheiro!

Muita gente se ofende com esse tipo de colocação porque, afinal somos da espécie Sapiens-sapiens e não se pode admitir comparar o nosso comportamento com o dos animais irracionais… Mas, analisemos alguns aspectos do nosso ambiente social: por acaso é digno descobrirmos em nosso meio pessoas (portanto, humanos), vivendo em condições análoga à de escravos? Aliás, “condição análoga à de escravos” é a denominação polida, politicamente correta, de escravidão… Por acaso é digno matar pessoas a socos e pontapés nos shoppings e hipermercados, ou nos guetos da periferia, ou em câmaras de gás (agora portáteis!) ou ainda com armas de fogo autorizadas também para “defendermos a nossa liberdade”?

Precisamos admitir com um pouco de humildade que precisamos evoluir na direção dos princípios que já descobrimos e invocamos como regras para a nossa convivência: o da proteção da vida, o mais amplo possível; o princípio da proteção da liberdade, o da igualdade, também o mais amplo possível, etc…

        No final das contas, precisamos admitir com humildade, de um ponto de vista mais universalista, que o nosso estado de evolução atual não é muito mais do que haver alcançado o topo da cadeia alimentar do planeta, apesar de toda a nossa vaidade. Quando fizermos isso, aí sim, teremos dado o primeiro passo na direção de um futuro melhor!

Dr. José Borges

Advogado (Formado em Direito pela Faculdade de Direito de Franca); especialista em Direito Civil e Direito Processual Civil e em Direito Ambiental. Foi Procurador do Estado de São Paulo de 1989 a 2016 e Secretário de Negócios Jurídicos do Município de Franca. É membro da Academia Francana de Letras.

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *

Artigos relacionados

Verifique também
Fechar
Botão Voltar ao topo