Poderosa
Caiu no conto do vigário,
Pela lábia do espertão.
Soube fazê-lo de otário.
Entendeu por sim o não!
A arma você tem também.
É órgão carnudo e flexível.
Seu paredão de dentes, porém,
Para nos lábios, pelo visível.
Dos cinco sentidos do organismo,
Ela encarna o máximo, a rainha.
Por viver escondida, pode o cismo.
Como instrumento falador é rinha.
Prevalece de escondidas sensações
Para interferir na fala, no paladar.
A gosto dá gosto a emoções
Que permitem amar e enganar.
Influente meio de comunicação,
Mal cuidado é perigoso charco.
Por sua necessária utilização,
Desastre é ao de senso parco.
Considerar-se habilitado a ela dirigir
É entender que sabe a direção.
Supõe-se o barco a prosseguir;
Inverte situações na difamação.
O encanto e atração dos lábios
São o gloss da vida e da morte.
No seu poder, muitos sábios
São tolos, insensatos sem corte.
A imoderada expressão de liberdade
Põe boca e língua na audiência.
Vale tudo: confundir fé e religiosidade.
Esse gomo é do fruto, a maledicência.
Que bom será se for fonte
De bênção e de benefício curativo!
Comerá mel no favo do horizonte
A língua guardada no amor superlativo.