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Violência nas escolas, uma visão psicossocial

Uma problemática contemporânea que vem se alastrando nas escolas é a violência que acontece através das mídias sociais, como o Whatsapp e Instagram.

 Os meios tecnológicos permitem que as pessoas – sejam adultos, crianças ou adolescentes – percam os seus filtros sociais.

Escrúpulo, boa-fé, respeito ao outro, empatia, altruísimo, desprendimento são tipos de freio social, que é o que não nos autoriza, inibe e, felizmente, nos impepde de afgir aja por impulso.

No mundo líquido da internet e de suas teias sociais virtuais, os pesos e medidas da vida em sociedade perdem em importância. Um desastre de lamentáveis consequências anunciadas.

Quando estamos frente a frente com uma outra pessoa, temos uma série de filtros sociais que nos fazem repensar o que iremos dizer. Já quando estamos atrás de uma tela, de um computador ou de um smartphone, perdemos este filtro e a impulsividade pode tomar conta, levando ao chamado cyber bullying. É o termo designado e moderno, referente às críticas exibidas virtualmente. Esta questão, pode ser combatida pelos gestores e professores.

Ainda que cada caso tenha a sua especificidade, existem maneiras de mapear as causas da violência nas escolas e nos seus entornos.

O que deve ser feito é identificar quais são as funções do comportamento violento e agressivo!

“Quais são as motivações por trás desse comportamento?

Algumas pessoas acabam sendo agressivas porque querem se sentir poderosas dentro de um contexto em que se sentem fragilizadas. O empoderamento ou o fortalecimento de sua imagem e dignidade arrasadas lhes virão à força, se preciso for.

Educadores e membros da comunidade escolar devem estar atentos aos primeiros sinais de situações violentas. Por isso, é fundamental que a gestão escolar  – e é de administração do sistema e das unidades de educação oficial e particular mesmo – oriente a equipe docente e de mais atores a identificarem e acompanharem casos de bullying, por exemplo.

O ideal seria agir em cima da prevenção das situações. Tentar identificar situações quando elas estão começando a surgir. Educadores não podem, ao contrário, devem observar mudanças comportamentais nos estudantes.

Além da identificação precoce e de manter o diálogo e uma escuta atenta, também é apropriado manter os espaços de convivência escolar sob a supervisão de um adulto. Nem de longe é uma atitude de patrulhamento ou monitoramento autoritário das pessoas e de suas ações e reações no cenário da escola.

Professores e outros agentes da educação vêm sendo vitimados e ameaçados vinte e quatro horas por dia em capitais e até nas mais longínquas corrutelas, interior a dentro e paz da comunidade para fora.

Existem vários estudos mostrando que a agressividade tende a acontecer em ambientes que não são tão observados. Então, a simples presença de um adulto no pátio na hora do intervalo pode ajudar bastante.

O contrário não ajuda. Explico.

Escolas que utilizam métodos mais punitivos, ao longo do tempo, acabam sofrendo um aumento nos índices de violência.

 É preciso ter cuidado com as punições excessivas, pois elas geram um ambiente hostil.  O trabalho dos professores deve fortalecer o vínculo entre escola e aluno.

Com punições rigorosas, abusivas e desmedidas, as pessoas tendem a se sentir mais paranóicas e mais desconfiadas. Acabam se transformando em um ciclo negativo de violência.

Muitos alunos deixam de ser agressivos a partir do momento em que começam a achar uma via para se sentirem poderosos, reconhecidos e eficientes, como através do esporte, da arte, …

O trabalho com a arte, com a literatura e com o esporte pode ser muito benéfico para promover a saúde mental na escola, através do desenvolvimento das competências sócio emocionais dos estudantes e, por arrasto, de todos os sujeitos do convívio escolar.

O manejo mais importante deverá acontecer com os alunos, e a família deverá ser informada. É necessário, em todos os casos, que a família reforce a intervenção da escola.

Quando a gente se conecta com familiares nesse tipo de ocasião, o desafiador é conseguir funcionar de uma forma sinérgica, em que a dupla família-escola aponta em um mesmo sentido, elege a mesma direção, visando ao enfrentamento e resolução de questões pontuais antes que extrapolem para quadros complexos.

Quando família-escola falam línguas muito diferentes,  temos o efeito contrário: essas situações acabam deturpando o sentido de certo e errado da criança e do adolescente. Se é que a deturpação de valores não veio de casa; daí ser indispensável todo o esforço para dar vez e voz da atuação desta dupla dinâmica.

Théo Maia Pedigone Cordeiro

Médico de Família e Comunidade pelo Hospital Israelita Albert Einstein.

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