Um minuto de silêncio
A VIDA passa ruidosa, turbulenta, correnteza de paixões, palavras, porcarias, panaceias, publicações, publicidades, perigos, pânicos, percepções, parlamentos, pelejas, pontuações.
Passa passa gavião, todo mundo passa…
A vida se interrompe, irrompe, irrequieta, interestelar, interativa, imperativa, inescapável, infinita, inconciliável, irremediável, imersa em uma corrente inescrutável.
Indecidível.
Na sua infinitude, a vida escapa do logaritmo do computador, que, binariamente, responde “sim ou não”, e o caminho da decisão não se faz. Complexa vida, indefinível.
Humanos, vivemos nas fronteiras da decidibilidade. Computador, por mais complexo, não algoritma a vida; ela escapa a conceitos, regras; propõe caminhos, encruzilhadas, paralelas que não se cruzam, sem pontes.
Mistérios campeiam hoje minha alma: separar caminhos se tornam passagens para o que não sei, não saberei, até cursar o caminho que ora decido, ora sou levada, impotente, a conhecer. Quantas vezes percorri caminhos não escolhidos, levados pelas decisões de quem amei. Quantas vezes mudei minha rota planejada, pela necessidade de estar junto de quem escolhi amar. Decidi, à minha própria revelia.
A vida dá muitas cambalhotas: exige flexibilidade para viver o porvir. Permanente, eternamente, Desconhecido.