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Reforma Tributária: Passagem só de ida para empresas saírem do Brasil

É nítido como cenários começam a desmoronar quando se confunde o significado da palavra autonomia como a palavra prudência. A reforma tributária, que é discutida a mais de 30 anos do Brasil, nunca havia sido aprovada porque pessoas prudentes sempre apresentaram fatos que deixavam evidentes os colaterais que seriam prejudiciais ao país do ponto de vista macro. O sistema tributário brasileiro é complexo, e com certeza existe margem para simplificação, porem, não é nada inteligência e coerente criar um “novo” sistema para que seja mais simples, ao custo de deixar todo negocio nacional mais caro no mercado e assumir as consequências indiretas disso.

Quando se fala em economia e gastos públicos, o histórico do país mostra que é preciso ter muita cautela pois cada decisão errada pode custar uma péssima qualidade de vida de milhões de famílias, quando não algo pior. Para entendermos o possível grande tiro no pé que a reforma tributária está sendo, vamos recapitular algumas informações.

O governo possui diversas fontes de renda para arcar com suas contas publicas e a arrecadação de impostos é uma das principais, sendo assim, é interessante para o governo que arrecade cada vez mais impostos. Um ponto que é preciso ser ressaltado é que a palavra arrecadar está distante de cobrar. Existe um estudo, chamado Curva de Laffer, feito em todo o planeta em que é considerada a relação entre a carga tributária e a receita do governo, estudo esse em que foi confirmado que não adianta o governo cobrar muito imposto pois tudo tem um limite e para lidar com um cenário de muito imposto as pessoas começam a sonegar e se mudar para um local com menos impostos.

De acordo com o Instituto Brasileiro de Ensino, Desenvolvimento e Pesquisa (IDP), o comportamento das empresas atualmente no Brasil, com um aumento considerável na distribuição de lucros acumulados sinaliza uma descapitalização no pais e um grande interesse em uma possível mudança de pais para conseguirem respirar. O cenário evidencia que estranho seria se fosse diferente e que o aumento da carga tributária proposta e aprovada pela reforma tributária pode causar uma verdadeira debandada de empresas, empregos e arrecadação.

Em todo o planeta, existem países abertos a receber empresas e investimentos, desta forma não adianta um governo aumentar sua carga tributária visando maior arrecadação, mesmo alegando uma grande conquista, sendo que de duas uma, ou o empresário vai perder mercado pois não vai ter preço para competir com empresas de fora ou o empresário vai se deslocar e mudar sua empresa de país aonde a carga tributária seja menor, justa e “viável”.

É preciso que esse tema seja levado a serio e que os brasileiros entendam que a reforma tributária, nunca aprovada em 30 anos, e agora criada e aprovada em 6 meses, não seja mecanismo politico e prejudique o brasileiro que acorda cedo todos os dias para buscar mais qualidade de vida para sua família. A economia de nosso país mostra que a Reforma tributária é necessária sim, não para ajudar a pagar as novas e maiores contas do governo, mas sim para melhorar a gestão do que é arrecadado dado que já somos um dos países mais tributados do planeta.

Plínio Reis

É administrador de empresas formado pelo UniFacef, é especialista tributário há mais de 10 anos, tendo atuado nas maiores consultorias tributárias do mundo. É francano e mora em São Paulo, onde é CEO na Bart Gestão Tributária

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