Por que os trabalhadores escolheram Trump
A recente vitória de Donald Trump nos EUA reflete mais do que uma simples mudança de lideranças; evidencia uma quebra de confiança entre as camadas populares e um setor político que outrora se apresentava como defensor dos interesses dos trabalhadores. O que antes era o principal eleitorado das esquerdas — trabalhadores industriais e classes economicamente vulneráveis — hoje se vê marginalizado e, muitas vezes, desrespeitado pelo discurso woke e moralizante que se tornou marca deste espectro político.
A Nova Geografia do Voto Popular
Nas últimas eleições americanas, os republicanos conseguiram uma vitória no voto popular que não se via há mais de vinte anos. Este apoio se deu principalmente por uma crescente aproximação da direita com as preocupações diárias dos trabalhadores, algo que a esquerda, deixou de lado há muito tempo.
A direita americana, representada por Trump, encontrou uma nova base de apoio entre trabalhadores industriais, historicamente vinculados à esquerda. Por que essa mudança? Parte da explicação está no cansaço em relação ao patrulhamento ideológico da esquerda identitária. Esse setor, que controla parte expressiva das pautas políticas e culturais nos EUA, frequentemente condena qualquer discordância ideológica como racismo, fascismo, homofobia, e outros rótulos que alienam pessoas comuns. Quando um cidadão comum, por exemplo, demonstra preocupação com o crescimento da imigração ilegal, agravada no governo Biden, é prontamente taxado de xenófobo, perdendo qualquer espaço para expressar seus temores legítimos sobre competição salarial e segurança pública.
O Descompasso da Esquerda com a Realidade
Outro ponto de desgaste entre a esquerda e os trabalhadores é o que muitos veem como uma perda de prioridade em questões fundamentais e concretas. Enquanto as classes populares estão preocupadas com problemas cotidianos — infraestrutura precária, aumento da violência e a insegurança no trabalho —, o discurso das esquerdas frequentemente foca em pautas abstratas como identidade de gênero, banheiros unissex e o uso de pronomes neutros.
Para a maioria da população, tais discussões soam como uma distração desconectada das dificuldades práticas que enfrentam diariamente. Diante disso, o eleitorado de baixa renda encontra na direita uma promessa, aparentemente mais alinhada com suas realidades.
Essa desconexão não é exclusiva dos Estados Unidos. No Brasil, o afastamento das esquerdas das classes mais pobres é visível nas eleições, em que bairros tradicionais das elites urbanas — como o Leblon, no Rio de Janeiro, e a Vila Madalena, em São Paulo — tornaram-se redutos eleitorais da esquerda, enquanto bairros populares tendem a inclinar-se para candidatos mais conservadores. Esse fenômeno indica que, enquanto as esquerdas falam para um público que pode se dar ao luxo de discutir pautas identitárias, a população mais pobre prioriza questões de segurança, trabalho e infraestrutura.
O Futuro da Esquerda e a Necessidade de uma Nova Direita
O descontentamento das camadas populares com as esquerdas não implica uma simples transferência de lealdade para a direita. No entanto, se a direita aproveitar o momento com propostas sólidas e sensíveis às demandas reais dos trabalhadores, poderá consolidar essa base. Ao analisar a política global, verifica-se que o eleitorado tem demonstrado uma nova preferência, afastando-se da esquerda que se perdeu em discursos que, por mais nobres que possam parecer para alguns, soam distantes e elitistas para muitos. Que o Brasil siga esse exemplo, mas com uma direita que realmente seja pautada por valores e princípios, livre dos acordos escusos para com o Centrão e dependências que marcaram governos recentes.