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“Nada deve parecer impossível de mudar”

“Atingi um sonho, estou muito feliz com o que eu estou fazendo. Meu maior sonho agora é que possamos ter uma sociedade plena, livre em igualdade, em solidariedade, que as diferenças possam ser respeitadas e ter uma política que seja conectada a isso. Realizar sonhos coletivos de outras pessoas é o que desejo”

Guilherme Cortez, 25 anos
Deputado Estadual

Terça-feira, 16 de dezembro de 1997, na cidade de São Paulo nasceu Guilherme da Costa Aguiar Cortez.  Filho único de Clóvis e Regina. Na infância tinha um coelhinho de pano que gostava muito, era meio que um “coelhinho da sorte”. Também se divertia brincando de teatro. Tinha vários brinquedos e, um dia, resolveu promover uma eleição que elegeria o brinquedo líder da turma.

“Um dia, fiz uma eleição entre meus bonecos, escolhi os representantes e os outros eram os eleitores” – recorda-se Guilherme.

Eleição, voto, representantes… Participavam da eleição: O boneco do Max Steel, os robôs, os bichos de pelúcia e o coelho.

Brincadeiras que, anos depois, virariam realidade. Realmente, brincadeira de criança é coisa séria!

Veio para Franca estudar Direito na Universidade Estadual Paulista, a Unesp, formou-se, e posteriormente se tornou Advogado. Em 2020 tornou-se Deputado Estadual com 45.094 votos.

A Folhinha esteve com o Deputado, que contou sobre sua infância, estudos, sonhos e ideais. Confira:

FOLHINHA: Como foi sua infância?

GUILHERME: Divertida.Com os amigos eu gostava de brincar de esconde-esconde e polícia e ladrão. Eu não tinha videogame em casa, então até eu jogava na casa dos meus primos. Na televisão, assistia muitos desenhos. Filho único, meus pais trabalhavam o dia todo e eu me distraia com a tv e brincava com meus brinquedos, tinha Max Steel, robôs, bicho de pelúcia, o coelho. Também gostava de brincar com as bonecas Barbie da minha prima. Juntos nos divertíamos. Brincava muito dentro de casa, morava em uma rua tranquila com muitas crianças da minha idade, aos sábados a rua ficava cheia. Na escola, também brincava bastante, lembro-me que lá tinha um parquinho de areia.

Guilherme

FOLHINHA: Deputado, sente saudade da infância?

GUILHERME: Sinto saudade de muita coisa. Quando somos crianças, queremos crescer logo e nos tornarmos adultos, a infância é a época mais fantástica da vida, vemos as coisas de maneira lúdica, já no mundo adulto as pessoas são mais sisudas. As crianças acreditam em tudo com mais facilidade, encantamento e leveza. Gosto muito do que eu faço hoje, mas no trabalho enfrento muitos desafios, como embates, discussões, assuntos sérios e realidades difíceis. E na infância, conseguimos ver as coisas com outros olhos e tons. Para mim, o Natal era a época mais mágica que existia. Lembro-me da Avenida Paulista toda enfeitada e desenhos natalinos especiais na televisão.

Guilherme: festa junina na escola

FOLHINHA: Do que se recorda da escola? Era bom aluno?

GUILHERME: Frequentei a Educação Infantil em um colégio particular, que era dentro de um clube. O Ensino Fundamental estudei em uma escola religiosa e o Ensino Médio em escola pública. Sempre fui um bom aluno. Adorava as aulas de História, passava horas pesquisando sobre vários temas. Conforme fui crescendo, o gosto pela História só aumentava, me apaixonei. Cheguei a ter vontade de cursar História e ser professor, acabei optando pelo Direito, mas não perdi a vontade de me tornar professor da disciplina. Desde muito cedo, percebi que era um apaixonado pela área de Humanas. Gosto de História antiga: Grécia e Roma. Mas também já me interessei por Astronomia, queria aprender sobre mais sobre os Planetas. Também cheguei a pensar em fazer Jornalismo, adoro me comunicar.

FOLHINHA: Que fato da História geral causou interesse em aprender mais?

GUILHERME: A revolução Russa, acho fantástica, algo extraordinário que aconteceu na humanidade e que me inspira. Gosto do livro de Eric Hobsbawn “Era dos extremos”, que retrata o que aconteceu antes, durante e depois da Revolução Russa e como isso foi moldando muitas coisas no nosso século.

FOLHINHA: Teve um professor marcante?

GUILHERME: Sim, uma professora de História do ensino fundamental, a Eline, foi com ela, que despertei o gosto e no ensino médio tive uma professora brilhante, a Glória, também de História, em que o aprendizado representou uma transformação em minha vida, influenciou na forma como eu vejo o mundo e em tudo que fiz dali por diante. E teve também o professor Edwin do curso técnico de Produção de áudio e vídeo na ETEC. Aprendi muito com eles.

FOLHINHA:  Quando o despertar para a vida pública começou a fazer parte dos seus planos?

GUILHERME: Sempre gostei muito de política. A primeira memória que tenho de política é de 2004, quando eu tinha apenas 6 anos de idade, era período de eleição, a Marta Suplicy concorria à prefeitura de São Paulo, me chamou a atenção a beleza dela, a achava muito elegante. As propagandas políticas também me chamavam a atenção. Lembro até que o Kassab tinha uma campanha visualmente muito bonita, muito moderna, tinha um bonequinho que eu adorava. A partir de 2010, comecei a entender mais sobre política, foi na eleição da Marina Silva. Em 2012, outra eleição e eu me envolvi um pouco mais, apoiei candidatos. Fui percebendo que a política era mais que uma propaganda atrativa, não se tratava apenas de eleição ou de candidatos, mas de política. Aprendi que a política está em tudo. Em 2013 passo a me identificar como um militante, um ativista, a me envolver em processo político, do qual ser candidato, depois ser eleito, foi uma consequência imprevista.

FOLHINHA: Não esperava ser eleito Deputado Estadual?

GUILHEME: Me filiei no PSOL aos 16 anos de idade, não foi para me candidatar, e eu nem morava em Franca, morava em São Paulo, então nem imaginava todas as voltas que a minha vida daria. Filiei porque era o partido que me representava. Ser candidato foi uma consequência das coisas que fiz. A eleição de 2020, em que me candidatei a vereador, tive uma votação surpreendente. Mostrei que tinha espaço para um projeto político diferente na cidade. Acredito sempre que o potencial humano é infinito, acredito que nada é impossível de mudar, já dizia Bertolt Brecht. Parecia muito difícil, pois ninguém nunca havia sido eleito nas condições que me elegi. Nunca havia tido um deputado tão jovem quanto eu em Franca, muito menos uma pessoa assumidamente LGBTQ+, muito menos de esquerda e muito menos do PSOL. Se não me engano, acho que ninguém ou pouquíssimas pessoas já se elegeram para Assembleia Legislativa do Estado de São Paulo, a ALESP com a quantidade ínfima de recursos que me elegi. Parecia algo impossível.

FOLHINHA: O que faz um Deputado Estadual?

GUILHERME: Legisla, ajuda, vota, propõe, discute, altera leis, leis que regem a nossa vida em sociedade no âmbito do estado de São Paulo. Tem um papel de representação política, de fiscalização, é o deputado que acompanha o que o governo faz, cobra o que está errado, investiga, denuncia. O peso do mandato coloca-se a serviço de apoiar pautas que acreditamos, mesmo que não sejam estritamente da nossa competência, mas tentamos procurar soluções para os problemas das pessoas, fazer essa mediação com o poder público e apoiar lutas.

FOLHINHA: Qual é a sua rotina de trabalho?

GUILHERME: Eu não tenho uma rotina, o nosso mandato roda o estado inteiro, acho que já fizemos mais de 30.000 quilômetros só nesses cinco meses de exercício.  A rotina é muito variada, tem vezes que temos mais discussões dentro da assembleia, coisas para votar, para discutir e comissões para participar. Fazemos agendas externas conversando, conhecendo a realidade, recebo muitas pessoas no meu gabinete para conversar sobre as suas demandas, visitamos cidades… O trabalho é intenso.

FOLHINHA: Já teve algumas conquistas como Deputado?

GUILHERME: Infelizmente a Assembleia anda em um ritmo que não é o ritmo que ela deveria funcionar. Acho que ela pode fazer muito mais coisas se tudo funcionasse no ritmo que a população precisa. Consegui aprovar meu primeiro projeto de lei, um projeto sobre as Mudanças climáticas, pois é preciso criar um sistema de prevenção de tragédias ambientais. Tem coisas que são conquistas pequenas, simbólicas, mas que me deixa feliz.  

FOLHINHA: O que é preciso para ser político eficiente?

GUILHERME: Tem que ser autêntico. Defender o que acredita. Honestidade, proximidade com a população. Sou uma pessoa muito autêntica.

FOLHINHA:  Planos para o futuro?

GUILHERME: Continuar contribuindo para as boas mudanças onde quer que eu esteja. Gosto de política e faço política desde que nasci, todos fazemos política. Desde muito jovem já lutava por tudo que luto hoje, mesmo sem ter um mandato, mesmo se eu não tivesse sido eleito, estaria lutando por tudo que acredito.

FOLHINHA: Qual a importância de acreditar nos sonhos?

GUILHERME: Retomando a frase de Bertolt Brecht: “Nada é impossível de mudar”. A humanidade tem o poder de mudar e transformar. A juventude tem grande potencial para criar e tornar a realidade diferente.

Preferências:

Um filme: Avatar e todos do Diretor Christopher Nolan: Interestelar, Amnésia, A Origem e Oppenheimer.

Música: Panis et circenses – Os Mutantes

Livro: História da Riqueza do homem – Leo Huberman

Uma frase: Desconfiai do mais trivial, na aparência singelo. E examinai, sobretudo, o que parece habitual. Suplicamos expressamente: não aceiteis o que é de hábito como coisa natural, pois em tempo de desordem sangrenta, de confusão organizada, de arbitrariedade consciente, de humanidade desumanizada, nada deve parecer natural nada deve parecer impossível de mudar. – Bertolt Brecht

Viagens que fez: Búzios, Ouro Preto, Acre, Belém e México.

Passeio que gostaria de fazer: Conhecer o Nordeste brasileiro.

Não abre mão:  Dos meus princípios políticos.

Bastidores da entrevista:

Rita Mozetti

É Mestra em Desenvolvimento Regional, Doutoranda em Serviço Social, Pedagoga, professora do Ensino Fundamental e Ensino Superior, Gestora de Formação Continuada e Vencedora do Prêmio Educador Nota 10.

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