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Na Rua do Comércio

Em um dia comemorativo, ouço aquele grito. Era dia das mães e o centro estava como qualquer comerciante gostaria. Naquele dia a rua mereceu o nome que tem, Rua do Comércio. Várias lojas grudadas uma à outra, gente para todo lado entrando e saindo. Perguntando preços, comprando, desviando das vendedoras da perfumaria com seus papeizinhos aromatizados, driblando o comprador de ouro, a vendedora de calçado com braços para trás entoando: “entra moça”, “entra moço”, “entra para dar uma olhada”, “entra moça”, “entra”, e ninguém entrava.


Na aglomeração ouço um bárbaro: O patrão levou uma paulada na cabeça. Aterrorizante situação. Penso quem cometeu este crime? Logo percebo que foi o funcionário quem o fez, sem nenhuma piedade. Foi na nuca, após o patrão ter bebido “Velho Barrero” com conhaque. Em uma situação como essa, uma antiga amiga de trabalho teria dito: Misericórdia. Sem coragem de ver o resultado, apenas ouço o griteiro: Aproveita pessoal, aproveita.


Como pode aproveitar de uma situação como esta? Como ficará a família deste coitado? Continua o anunciante: “O patrão bebeu Velho Barreiro com Conhaque. O patrão levou uma paulada na nuca. O patrão ficou maluco de pedra. O patrão não está bem. O patrão quer negócio. Aproveite, aproveite, dois pares por apenas noventa e um e noventa e nove. Isso mesmo, dois pares por noventa e um e noventa nove”.


Não era crime, era a criatividade brasileira (risos).

Dione Castro

É administrador de empresa, estudante de gestão empresarial pela Fatec, graduado em direito e um eterno curioso.

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