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Franca de muitos sonhos!

Por Nayara Hakime Dutra

Dentre muitos relatos que poderia trazer nesses 200 anos de Franca, enquanto uma francana que daqui nunca saiu, traço, nessas singelas linhas, relatos de um dos melhores períodos da minha vida. A juventude vivida na Rua Ouvidor Freire, com amizades que são e estão presentes, criando memórias que ainda estão vivas. Quantas memórias!

A vida universitária, dividida entre a Unesp, onde cursava Serviço Social e a Unifran, onde cursava Processamento de Dados. As tardes de sábado eram embaladas pelo grupo de jovens da Catedral Nossa Senhora da Conceição e os ensaios da Banda Shemá, a banda católica das meninas que tocavam e cantavam, na qual eu tocava baixo, preparando para o evento mais esperado pelos músicos católicos: o Hallel. À noite não podia faltar nossas idas ao Picanha. Os jogos de basquete! Quantas lembranças!

Falar dessa época traz uma reconstrução na memória de um quebra-cabeças com peças que ainda faltavam completar, mas esperançadas por um desejo de ser feliz! Não tem como viver no centro de Franca e não passar pela praça Nossa Senhora da Conceição, que por sua imponência, cativa os olhares que com passos ligeiros desbravam dias e noites na busca de um novo tempo. Quantas vezes passamos por lá!

As canções de Marisa Montes estavam nos LPs da Martins, no calçadão da Rua Marechal Deodoro, bem como revistas que queríamos tocar, folhear e apreciar as notícias e fotos dos artistas preferidos. Ficávamos olhando e desejando comprar, ou, quem sabe, ganhar no amigo secreto de Natal. Quantos desejos!

Os sonhos da juventude também tinham uma pitada de medo daquilo que ainda não sabíamos como seria, ou seja, conhecer o desconhecido. Ah, se soubéssemos, teríamos aproveitado mais esse tempo. Minha mãe sempre dizia que aquela época passaria rápido demais e eu, na minha desconfiança, pensava que duraria o resto da vida. Quantos sonhos!

A mesma Franca que me decepciona, é aquela que me dá conquistas e frutos dessa cidade das colinas. Se viajo, fico feliz ao chegar. Se fico muito tempo sem viajar, começo dela a reclamar. Contudo, sei, com certeza, que minha terra é um lugar no qual eu posso pisar e ter a certeza que a cidade me abraça e acalenta. Ah isso é colo de mãe. Quanta contradição!

Ao relembrar essa fase da minha vida, sentimentos afloraram e fizeram ter a certeza que Franca trouxe para mim as coisas mais belas da minha vida e nela vivi e vivo histórias compostas e impostas, mas que trazem um colorido especial para a minha existência. Franca, parabéns pelos seus 200 anos!

Nayara Hakime Dutra é francana, mãe de duas meninas, pós-doutora em serviço social, docente, musicista.

Esse texto faz parte da série "O que elas têm a dizer" em que escritoras de Franca homenageiam a cidade pelos 200 anos, comemorados no próximo dia 28 de novembro. Será um texto por dia, até o final do mês, de crônica, conto, ensaio, poesia… escrito por mulheres. Se você também quiser participar, envie seu texto para solveloso2008@hotmail.com indicando no assunto: texto para homenagear Franca. Ficaremos felizes com todas participações. Soraia Veloso, escritora e francana de coração, é a idealizadora do projeto.

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