Eu e o FOCO
Por razões profissionais, sempre buscando formas de tornar nossas aulas mais interessantes e de manter a atenção dos alunos, comecei a ler e a pesquisar sobre foco e atenção. Nossos teachers sempre comentam sobre a dificuldade que é, os pais reclamam dos filhos, distraídos, esquecidos… É um problema social, teremos que aprender a lidar com isso e a administrar melhor nossas escolhas para melhor orientar nossos filhos, netos, alunos…
Mas refletindo sobre o assunto, resolvi virar o holofote para mim. Daí o título desse artigo. É mais fácil ver o problema nos OUTROS do que em nós mesmos. E EU? Como está a minha atenção? Como está o meu FOCO e a minha PRESENÇA? Sou uma pessoa multi-tasker, dessas que fazem 1001 coisas ao mesmo tempo? Não, não sou. Tento ser 100% presente nos lugares onde estou, evito a ubiquidade que nos possibilita estar em vários cenários. Mas descobri, colocando o holofote em mim, que é preciso evoluir muito…
Vou caminhar e seleciono os podcasts que vou ouvir. Geralmente do New York Times, porque aí aproveito para atualizar o inglês e também meus conhecimentos e informações. Sou antenada, bem informada, uso várias fontes para evitar que façam a minha cabeça… Bem, eu tento…rs
Tenho muito forte, arraigado em mim, essa coisa de ser utilitária, de estar sempre ON… Mas daí comecei a me lembrar que os meus melhores textos eu rascunhava no cérebro enquanto caminhava, entre árvores e pássaros do lugar abençoado onde eu moro. Atualmente, consumindo conteúdos de outras pessoas, outras empresas, gente muito mais capacitada do que eu, eu havia parado de escrever… de colocar minhas ideias, minhas reflexões e de compartilhá-las com pessoas que podem ter suas próprias ideias e reflexões… Tenho lido muito, por prazer e por estudo (um não exclui o outro) mas parei de escrever minhas coisas… Onde vou, carrego um livro ou atualmente, o meu Kindle, porque se tem coisa que odeio é ficar à toa, ‘desperdiçando tempo’ enquanto espero a escova ficar pronta, a tinta secar, a fila andar… Antônio Fagundes diz para sempre levarmos um livro debaixo do braço. Sou dessas… Mas muitas vezes isso pode nos isolar… E o contato com a manicure, as melhores confidentes do mundo??? E a interação com as pessoas, como fica??!
Programo o meu celular para não ter notificações que interrompam minhas atividades. Li que ao ser interrompido nosso cérebro demora 27 minutos para voltar a se concentrar… As redes sociais eu atualizo após o almoço, enquanto o maridão tira uma soneca gostosa e à noite, quando chego da escola. Depois que começa a novela não toco mais no meu celular… já vou me preparando para o sono, para relaxar… Só durmo com celular ao lado se tiver um compromisso muito importante e tiver medo de perder a hora. Raríssimo. Sei o mal que faz para o nosso sono usar as telas à noite, mas vejo TV… Grande coisa, né?
O meu WhatsApp tem mais de 150 conversas ao mesmo tempo, se eu for responder na hora, não consigo trabalhar nem produzir nada. A maioria das minhas aulas é de minha autoria, como criar algo sendo interrompida a cada segundo? Mas sempre dou retorno afetuoso nos horários que escolhi para isso. As escolhas e prioridades estão sempre em nossas mãos. Como exigir dos filhos, dos alunos, dos funcionários, se não dermos o exemplo?
Se eu mando uma mensagem para minha neta no horário que ela está na escola, eu estou certa?
Se eu estou no restaurante com meu marido, eu vou ficar no celular? De jeito nenhum… no máximo farei uma foto nossa para postar depois.. O momento da refeição é sagrado, é para conversar, para olhar nos olhos…
O que você fez hoje?
Qual foi a melhor coisa até agora? E a pior?
Todo mundo sempre tem uma resposta…
Continuarei a refletir sobre esse assunto, mas colocando o foco em mim também, nas minhas escolhas e prioridades. Desde que comecei a pesquisar, mudei muito a minha rotina. E consegui escrever esse texto. Não existe solução certa ou errada, existem escolhas mais inteligentes, e existe, principalmente, a necessidade de todos nós nos conscientizarmos que o problema não está nos jovens, nos outros… está em nós!