ColunasInspirados
Capturada
Minhas asas sangram. O gosto de dor toma o espaço que era harmonia. Estou em contato com a amargura.
Os estilhaços do último gole crescem nas chamas da lareira acesa à noite. O dia veio e nem senti o toque da claridade.
Ainda estou noturna. Respiro fragrâncias que são espinhos profundos. A alma é dor…
Não falo. Sinto! Não descrevo. Apenas é!
Um som ao longe me chama à introspecção menos dolorosa; promete acalento ao espírito que se debate em tristeza.
Abro a janela e o ar matinal enche os pulmões de corrente sanguínea viva. As asas gotejam…
Não sei quando vão se curar. Sei, apenas, que hoje sou anjo caído: busco o cálice que entorpeça a dor de estar aqui, na mesma cena.