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As queimadas que param SP e o Brasil

Só na sexta-feira passada (23), foram contados 1,8 mil focos de incêncios florestais na região de Ribeirão Preto (SP), recorde absoluto num só dia desde 1998, ano em que começaram as medições desses sinistros. Isso despertou as autoridades para a possibilidade de se tratar de ações criminosas. A ministra do Meio Ambiente, Marina Silva, considera a situação do interior paulista atípica e parecida com o “dia do fogo”, ocorrido em 2019, quando ativistas desordeiros incendiaram diferentes pontos do território nacional. O governo de São Paulo estima os prejuízos do fogo no Estado já passam de R$ 1 bilhão, e montou uma força-tarefa para combate e socorro. A Polícia Civil passou a investigar e procurar supostos lançadores do fogo. Foram presos quatro indivídios que, com garrafas de gasolina e outros artefatos, ateavam fogo em lixo e florestas. O primeiro em São José do Rio Preto, o segundo em Batatais e o terceiro em Porto Ferreira e o quarto, surpreendido pela Polícia Militar, ateando fogo também em Batatais. Os policiais buscam conhecer a motivação de cada um e, principalmente, se possuem ligações com facções criminosas ou grupos que se interessam em promover o caos.

Por ordem do presidente Lula, a Polícia Federal abriu dois inquéritos de nível nacional para apurar o fogo em mata ou plantações e, no caso de São Paulo, colocou em campo as 14 delegacias federais do Estado para descobrir a origem dos sinistros. Todos os Estados que enfrentarem o problema receberão esse aporte federal, além dos trabalhos de combate que realizarão com os próprios recursos.

Desde a sexta-feira, São Paulo está em emergência por causa das queimadas que destruíram reservas florestais, propriedades rurais, qeimaram plantações e mataram animais. A Defesa Civil disse que nãoi ha mais focos de incêndios, mas 48 municipios continuavam em alerta. Ribeirão Preto foi a região mais prejudicada. Além da área incendiada, a fumaça inviabilizou as atividades do campo e da cidade. As escolas tiveram as aulas suspensas, o mesmo ocorrendo em diversas outras localidades.

O governador Tarcisio de Freitas determinou à Defesa Civil Estadual a montagem de um gabinete de crise emergencial. Além dos serviços “in loco”, o governo também envia ajuda humanitária para os desabrigados. Realiza-se a Operação São Paulo Sem Fogo, da qual participam a Defesa Civil e as secretarias da Segurança Pública, Agricultura e Abastecimento e do Meio ambinete. O governador, que sobrevoou a área sinistrada, decretou situação de emergência por 180 dias nas áreas de 45 municípios atingidos pelos incêndios florestais. Dois funcionários de uma usina de Urupês (região de São José do Rio Preto), morreram tentando combater o incêndio em suas plantações.

O governo federal remeteu aeronaves da FAB (Força Aérea Brasileira) para socorrer no combate ao fogo. Elas estão lançando água em pontos onde o fogo pode reacender e trazer novos problemas.

As queimadas constituem grande problema. Hábito dos agricultores primários, elas são combatidas há muito tempo, mas muitos insistem em utilizá-la como “limpeza” do terreno e, com isso acabam provocando grandes desastres e muito prejuízo. O fogo florestal é um grande incômodo na Amazonia e mais recentemente destruiu vastas área do Pantanal. Dezenas de inquéritos estão em andamento na Polícia Florestal para apurar responsabilidade e, principalmente, desencorajar a prática.

Destaque-se a importância do trabalho deflagrado em São Paulo tanto pelo Estado quanto pela União para debelar os incêndios florestais que, além de danos ao meio-ambiente, quando saem do controle, causam grandes prejuízos e até mortes. Espera-se que as forças policiais – Federal e Estadual – cheguem à real motivação da grande queimada ocorrida em nosso interior, identifique os responsáveis (inclusive os mandantes, se houverem) e isso produza a mais severa punição. Num tempo em que o mundo inteiro investe alto na descabonização – com novos combustíveis menos agressivos, uso da eletricidade e outras medidas – não faz sentido algum a comunidade continuar convivendo com queimadas que, além do dano ambiental, causam muitos males e chegam a ser mortais.

Que a estrutura policial nacional seja capaz de chegar aos responsáveis pelos sinistros e de apresentá-los à Justiça com o relato dos crimes cometido por cada um deles. E que esses ilícitos sejam rigorosamente cobrados dos cometedores e sirvam de desencorajamento a todos que vierem a pensar em atear fogo em florestas, terrenos, lixo e outros materiais inflamáveis que fazem mal ao ser humano e causam enormes prejuízos à comunidade. Manter o controle do fogo não representa apenas a proteção das florestas, do patrimônio e das atividades econômicas. Também é importante para que o Brasil possa cumprir os compromissos ambientais assumidos com a comunidade internacional, sem o que o País pode perder mercados e ainda sofrer sanções.

Tenente Dirceu Cardoso Gonçalves

É dirigente da Aspomil (Associação de Assistência Social dos Policiais Militares de São Paulo).

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