Ao mesmo tempo em que a capital paulista registrava as maiores temperaturas do ano – um paradoxo ocorrido nos últimos dias do inverno e primeiros da primavera – a maioria do Pais sofria com o calor e o Rio Grande do Sul era castigado por ciclones e granizo e baixas temperaturas, a pequena Borebi, de 2,7 mil habitantes, na região central do Estado de São Paulo era varrida, no começo da noite da última segunda-feira (25/09), por ventos de 70 km/h que destelharam casas e barracões agrícolas, derrubaram árvores e cobriram a cidade por uma camada de areia e pequenos partículas trazidas pela tormenta. A população, assustada, teve muito trabalho para voltar à normalidade.
Os fenômenos climáticos dessa época são atribuídos ao “el niño”, corrente marítima do Oceano Pacífico que hoje remete ar quente para todo o planeta, especialmente à América do Sul, onde vivemos. Atribui-se a ela acontecimentos como os as altas temperaturas ocorridas nos últimos meses no hemisfério norte e incêndios florestais devastadores na Califórnia, Canadá e outros pontos. Agora, já tivemos alguns incêndios de grande monta no Brasil e a tendência é isso se agravar à medida que o calor típico dessa época se consolidar.
Dentro de um quadro mundial de mudanças, estamos também sofrendo alterações no território brasileiro. As altas temperaturas das regiões Sudeste, Centro-Oeste, Norte e Nordeste contrastam com o frio e as tormentas enfrentadas pelo Sul. Essa alteração do clima exige providências da autoridade constituída, pois ganha proporções catastróficas e – o pior – sacrifica vidas.
Já tivemos em São Paulo as chuvas atípicas no Litoral Norte, que fizeram desabrigados, mortos e mobilizaram os governo dos municípios, Estado e da União a realizarem obras, especialmente casas para abrigar as famílias que perderam suas moradias localizadas em encostas perigosas que nunca antes haviam tido problemas. No Sul já ocorreram dezenas de mortes por conta das tormentas que atingiram dezenas de cidades do interior e hoje também instabilizam a capital, Porto Alegre.
É preciso prevenção. Até recentemente os político – inclusive os do governo – podiam tratar politicamente a questão ambiental, notadamente a Amazonia. Hoje, aquilo que se pregava como possibilidades para o futuro, já se faz presente. Cada localidade precisa dispor dos recursos para enfrentar as borrascas e socorrer sua população. Os ventos levemente mais fortes que sempre aconteceram hoje se tornaram violentos e destruidores, como sentiram os moradores de Borebi. E assim ocorrerá em muitas localidades.
O grande fator de intranquilidade está na abrupta mudança do perfil climático – que os técnicos explicam pela forte atividade de “el niño” – e na falta de conhecimento de como as condições do tempo deverão evoluir nos próximos meses, anos e até décadas. Especula-se sobre consequências de desmatamentos, queimadas, uso indiscriminado de recursos naturais, mas poucas são as respostas seguras cobre o caminho por onde estamos enveredando.
Lembrando a clássica citação do governador Franco Montoro, de que ninguém mora na União e nem no Estado já que todos moramos no município, é importante lembrar que a grande tarefa de prevenir os acidentes climáticos é do prefeito. Conhecendo seu município, ele tem o dever de identificar os problemas, propor soluções, conscientizar a população e acionar o Estado e a União para destinarem os recursos necessários. São 5570 prefeitos em todo o Brasil e casa um conhece os problemas de sua cidade. Cabe-lhes identificá-los e pedir (talvez exigir) que o governador do seu Estado ou até o presidente da república destine os recursos para a execução das obras indicadas. Isso é o que chamamos de Governar.
Não esqueçamos que os 27 governadores e o presidente da República têm o mesmo dever de solução que os prefeitos ou até mais, porque são eles que deverão providenciar os recursos a serem empregados…