“Foi para isso que eu vim”
(Mc 1,38)
Jesus se aproximou da sogra de Simão, “segurou sua mão e ajudou-a a levantar-se”, livre da febre, “ela começou a servi-los” (Mc 1,31). Após esta cura, outras se seguiram. “De madrugada quando ainda estava escuro, Jesus se levantou e foi rezar num lugar deserto” (Mc 1,35). Procurado por Simão e seus companheiros, convidou-os para a missão: ele veio para pregar, e “andava por toda a Galileia, pregando em suas sinagogas e expulsando os demônios” (Mc 1,39).
Em obediência ao Pai, Jesus “carregou nossos pecados em seu próprio corpo” (1 Pd 2,24). Esta é a verdade do mistério pascal da redenção de Cristo: ele ofereceu a sua vida por amor e obediência, e assim nos justificou. Com ele, a graça da salvação entrou em ação. As curas e libertações são sinais do Reino, expressões da bondade de Deus, a vitória do bem sobre o mal.
Os seres humanos buscam a cura através da ciência, da técnica e da medicina, colaborando com a obra de Deus, que age em sua inteligência. A luta pelo bem e pela saúde revela que somos responsáveis pela nossa vida e devemos cuidar da mesma.
Mas Jesus nos ensinou também a rezar e a pedir ao Pai pelo nosso bem. Esta atitude de fé e de confiança é expressão de nossa humildade e reconhecimento que nem tudo está em nossas mãos. Quando rezamos, pedindo a intervenção do Senhor, é porque acreditamos que ele está vivo, que o Espírito Santo age em nosso favor, que podemos ser instrumentos em suas mãos.
O livro de Jó diz que a vida do ser humano na terra é uma luta (Jó 7,1-4. 6-7). Vista com os olhos humanos, é um sopro. O sofrimento e a dor crescem como mato na roça do mundo, e não há enxada que alcance a sua raíz. O sofrimento tem várias causas e muitas explicações. Mas nem sempre conseguimos ter respostas para tudo. A chave para se descobrir o sentido total do sofrimento e da dor está nas mãos de Deus. Para encontrá-la, precisamos ir até ele, numa atitude de fé e confiança. Só Deus é capaz de gerar a vida da morte, e nenhum sentido podemos encontrar fora dele.
Jesus venceu o mal com a sua paixão, morte e ressurreição. Sua cruz pode parecer um absurdo, mas ela é fruto do amor e gerou a nossa redenção. Este é o evangelho que Paulo pregou (1 Cor 9,16-19.22-23). Ele se inspirou em Jesus que se esvaziou de si para nos salvar.
“Louvai o Senhor Deus, porque ele é bom… Ele conforta os corações despedaçados, ele enfaixa suas feridas e as cura” (Sl 146,1.3).