“É vossa face, Senhor, que eu procuro!”
Um dos momentos mais importante, significativo e revelador de Jesus e do seu ministério, presenciado por Pedro, Tiago e João, foi a transfiguração. A cena em Marcos (Mc 9,2-10) vem logo após o primeiro anúncio da paixão. Diante da incompreensão do seu messianismo, aconteceu este fato, confirmando que o seu caminho de despojamento, esvaziamento, obediência e serviço, é vitorioso, porque garantido pelo Pai. Ele é o Filho amado a quem devemos escutar. Nele, as promessas se cumprem: a Lei, simbolizada em Moisés, e o profetismo, em Elias.
Numa realidade com tantas vozes, sons e solicitações, que podem nos confundir e desviar da estrada certa, a cena da transfiguração nos convida a um apelo maior: ouvir e discernir a voz de Deus. A nossa vocação é estar atentos a Jesus. Escutar o que ele diz é acolher a sua pessoa como Filho de Deus, como o Messias, nosso Senhor e Salvador. É aderir ao seu caminho, seguir os seus passos e viver da sua vida.
Como Pedro, podemos achar que o alto da montanha é o melhor lugar. Mas Jesus nos quer na planície do dia a dia, da nossa história, marcada por realizações, conquistas e alegrias, mas também decepções, dores e sofrimentos. Ali a resposta é mais exigente, implica dificuldades, renúncias e desafios, porém, o que ele nos pede não supera as nossas possibilidades.
Abraão recebeu de Deus a promessa de descendência, bênção e terra. Mas foi colocado à prova, tendo que oferecer a ele o único filho, o bem do seu coração. Sua obediência, fidelidade e abandono são fontes de bênçãos (Gn 22,1-2.9-13.15-18). Quem tem fé sabe que Deus é Deus, e que deve confiar sempre, até nas noites escuras da vida.
O Pai “não poupou seu próprio Filho, mas o entregou por todos nós”. Temos um grande intercessor que ofereceu a sua vida para nos salvar. Se ele é por nós “quem será contra nós?” (Rm 8,31-34). Com Jesus, guardamos a fé, mesmo dizendo: “É demais o sofrimento em minha vida!” (Sl 115,10). Podemos descer confiantes da montanha e seguir o seu e nosso caminho, com coragem e fidelidade. Seguindo o Senhor assim, continuamos a nossa Quaresma, rumo à Páscoa.
Minhas orações a todos.
Dom Paulo.