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Deixar as Redes e seguir o Mestre

Você pode se enredar nas redes. Aquela rede que serve para apanhar e recolher muitas coisas boas, também pode por vezes tornar-se o lugar onde ficamos presos. Temos hoje, também, a rede do virtual, onde recebemos tantas informações importantes, mas por outro lado, também, acabamos por desperdiçar muito tempo de nossa vida. Só o Evangelho de Jesus Cristo nos liberta das redes nas quais ficamos emaranhados.

Jonas é enviado à Nínive onde os habitantes se perverteram. Jonas resiste a este chamado e permanece preso até o fim em seus esquemas e caprichos: não acredita na misericórdia de Deus, sobretudo não acredita que os ninivitas possam se converter ou que mereçam o perdão de Deus. O Senhor o resgata das águas da morte em que foi lançado ao fugir da missão a ele confiada, mas nem mesmo esta experiência será suficiente para mudar a sua perspectiva. Deus o convida a levantar-se e acolher a missão. Nessa história todos estão dispostos a mudar: Deus muda seu propósito, usando de misericórdia para com aquele povo, os ninivitas mudam de vida escutando o convite de Jonas, mas o único que não muda até o fim é Jonas!  

A libertação das nossas redes é uma mudança e, particularmente uma mudança na nossa maneira de pensar, como nos lembra literalmente o termo grego  “metanoia”  usado no Evangelho. Esta mudança é urgente, porque chegou a hora, a libertação está próxima, o Reino de Deus está próximo, Cristo está aqui, é nele que podemos ser libertos. A Palavra de Deus liberta-nos da nossa maldade, liberta-nos da desconfiança e do nosso comodismo, liberta-nos da nossa insegurança do nosso sentimento de culpa e dos nossos medos.

Simão e André estão lançando as redes. É uma operação que geralmente é feita à noite. Assim começa uma noite de trabalho. É uma forma de pescar que permite ficar bem próximo da costa, sem avançar muito para águas mais profundas. Talvez seja precisamente isto que permite a Jesus chamá-los ali mesmo da praia. Simão e André são, portanto, também a imagem de quem vive a vida fazendo o que tem que fazer, sem nunca correr realmente riscos, e acabam por permanecer numa rotina tranquilizadora.

Já Tiago e João estão arrumando as redes, operação que conclui o trabalho e que, portanto, é realizada já de madrugada. Isto nos faz entender que Jesus provavelmente permaneceu na praia a noite toda, do começo ao fim e chama aqueles que durante a noite vivem a rotina de suas vidas. Tiago e João estão consertando o que está quebrado, não conseguem decidir jogar fora o que está desgastado e que talvez deva ser trocado. Esta é a imagem daqueles que continuam remendando o que não funciona mais em suas vidas.

Seguir Jesus não é uma perda, mas um ganho, é uma vantagem, não um infortúnio que aceitamos com sentido de sacrifício. Talvez seja também a beleza deste seguimento que deveríamos começar a anunciar novamente! Jesus convida-nos a segui-lo, ou seja, a caminhamos atrás dele, pois Ele é o Mestre e, só assim poderemos aprender o seu estilo e ver onde o mestre põe os pés, só assim podemos percorrer caminhos que talvez nunca teríamos escolhido percorrer. “Se quiseres chegar a possuir a Cristo, jamais o busques sem a cruz.”(São João da Cruz).

Pe Mário Reis Trombetta

É vigário da Paróquia Cristo Rei, em Orlândia. Já atuou nas Paróquias Santana, São Crispim e Santa Rita de Cássia, em Franca. Fez Filosofia na Capelinha, com os Agostinianos e, em 1992, seguiu para Florença, Itália, e posteriormente, Madri, na Espanha, para concluir seus estudos. Retornou a Franca em 96 e foi ordenado padre em 98. Completa este ano 23 anos de sacerdócio.

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