Comemoramos no dia de Finados, os nossos fiéis falecidos, que nos precederam com o sinal e a vivência da Fé e agora dormem o sono da paz. O Apóstolo Paulo já exortava os fiéis: “Não fiqueis tristes como aqueles que não tem esperança” (cf. 1Tess 4,13-14). Temos medo da morte porque partimos deste mundo que conhecemos para um mundo desconhecido. Como posso deixar tudo o quanto de belo eu realizei na minha existência inteira e repentinamente me precipitar num abismo desconhecido.
A Vida Eterna é a experiência que nos leva a mergulharmos no oceano do amor infinito de Deus, no qual o tempo, o antes e o depois já não existem.
A “Civilização do Bem-estar”, envolvida pelas preocupações da vida cotidiana, procura sempre mais remover da consciência a meditação sobre a realidade da morte. Somos absolvidos por distrações deste mundo, quando de repente perdemos uma pessoa querida. Diante deste fato nos encontraremos diante do Mistério da morte, que para nós parece ser algo hostil e ameaçador. Na realidade, porém, estamos diante de um acontecimento natural, que é o término da vida. A nossa vida é um dom de Deus e por isso no momento da nossa morte, retornamos a Deus, pois a nossa vida pertence a Ele. Temos necessidade de Eternidade.
Jesus revolucionou o sentido da morte, pois ao morrer destruiu a morte e nos abriu as portas da eternidade. São Francisco de vai dizer no seu Cântico das Criaturas: “Louvado sejas, ó meu Senhor, pela nossa irmã morte corporal”. “Quer vivamos, quer morramos, pertencemos ao Senhor”. A morte que precisamos temer é a morte da alma, que o Apocalipse chama de “segunda morte” (Ap 2014-15; 21,8). De fato, quem morre em pecado mortal, sem arrependimento, fechando o seu coração ao amor de Deus se auto exclui da Vida Eterna no Reino dos Céus. Passamos a viver uma plenitude de vida e alegria em Cristo.
Renovamos hoje a esperança da Vida Eterna fundada realmente na Morte e Ressurreição de Cristo. É como se Cristo nos dissesse: “Após a morte ninguém poderá te acompanhar, mas a minha mão te ampara, pois sou tua proteção e transformo as tuas trevas em luz”. Contudo, a esperança cristã não é individual, pois a nossa existência está profundamente ligada a outras pessoas com as quais vivemos neste mundo. Assim a oração de uma alma peregrina no mundo, pode ajudar outra alma que porventura possa se encontrar no purgatório após a morte. Eis porque a Igreja nos convida a rezar pelos nossos entes queridos que já faleceram e visitar seus túmulos nos Cemitérios.
Maria, estrela da esperança, enxugue nossas lágrimas e torne mais forte a nossa fé na Vida Eterna e apresente ao seu Filho a nossa oração de Sufrágio pelos nossos irmãos e irmãs, parentes e amigos falecidos. Amém! Fonte: Homiliário, Solenidades, Bento XVI.