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“Vacina é a única forma de conter esse vírus”, diz médico do Comitê de Enfrentamento da Covid

O médico Homero Rosa, coordenador da Vigilância Sanitária de Franca, tem se destacado pelo discurso de prevenção contra a covid desde o começo da pandemia. Sempre muito atento e preocupado com os números, em todas as oportunidades que ele tem de se manifestar a respeito, reitera a importância da vacinação. Não foi diferente na entrevista que concedeu à Folha de Franca na última semana.

Homero, que faz parte do Comitê de Enfrentamento da Covid, tem todos os dados da doença na cabeça e reiterou diversas vezes o quão fundamental é a vacinação:

“As pessoas precisam se conscientizar que vacina é o que existe de solução a curto e médio prazo, não existe outra medicação, não existe outra forma de conter esse vírus”



Sobre o trabalho do Comitê de Enfrentamento, o médico disse tem sido fundamental para ajudar a controlar a pandemia. “A gente faz um levantamento semanal na cidade e tem a noção exata da dinâmica do que está acontecendo. Com isso, a gente faz alertas sobre momentos em que é necessário tomar alguma medida para frear o ímpeto do vírus”, disse.

Homero também alerta que a Ômicron está contaminando as crianças muito facilmente e, mais uma vez, exalta a importância da vacina: “Felizmente iniciou a vacinação de covid pra crianças porque sabíamos que as crianças iam ser afetadas porque era o único grupo não vacinado”.

Mesmo considerando o número crescente de casos da nova cepa da covid, o médico disse que tecnicamente não há razão para medidas mais drástica, mas reforça que esse é um vírus novo e que “não existe garantia alguma de que não vai ter mais casos graves. Se existe um controle da epidemia é com a vacinação em massa”.

Veja abaixo os principais trechos da entrevista e conheça um pouco melhor o trabalho do Comitê de Enfrentamento da Covid.

Folha de Franca – Quando foi criado e o que exatamente faz o Comitê de Enfrentamento da Covid?

Dr. Homero Rosa – O Comitê de Enfrentamento da Covid foi implantado em março de 2020, com a finalidade de assessorar tecnicamente a gestão pública e privada, não só no segmento de saúde, como todos os outros tipos de atividades laboriais nesse crítico período de pandemia.

Folha de Franca – Quem são os integrantes do Comitê de Enfrentamento da Covid? E com que frequência se reúnem?

Dr. Homero – O Comitê é composto de profissionais da Saúde, Educação, Ação Social, representantes dos dois Prontos Socorros, das duas UPAS, dos hospitais São Francisco/Regional e Unimed; da Santa Casa/Hospital do Coração, Alan Kardec, Ima, Ame e do Ministério Público. Temos nos reunido semanalmente desde o início dos trabalhos, em março de 2020.

Folha de Franca – Qual tem sido o trabalho rotineiro do Comitê nos últimos meses?

Dr. Homero – O O comitê tem essa determinação de fazer levantamentos estatísticos dos casos de covid, como anda a dinâmica da epidemia, como ela está afetando a cidade como um todo.

Folha de Franca – Agora, com novo crescimento de casos de covid e retorno do registro de mortes, que ações o Comitê pretende implementar?

Dr. Homero – O O Comitê de Enfrentamento não é gestor, ele é essencialmente técnico. Nós passamos para os gestores, no caso o secretário de Saúde, os outros secretários municipais e o próprio prefeito, as avaliações que fazemos e sugestões de acordo com o que recebemos de casos de hospitais, UBSs, UPAs e todo segmento de saúde.

Acompanhamos com muita facilidade e rapidez tudo que está acontecendo. E o trabalho sendo feito semanalmente, ajuda bastante porque o raciocínio num surto, numa epidemia, é sempre por semana. Temos conseguido realmente grandes feitos através dessas ações do comitê, que sugere e que aponta medidas que precisam ser adotadas.

Folha de Franca – Como funciona esse trabalho? Por quais instâncias passa para ser aprovada cada uma das ações?

Dr. Homero – O O que deliberamos é alguma situação que ocorra, que está na pauta, que discutimos e apontamos pra quem seja de direito agir em relação àquela recomendação, sugestão ou até mesmo uma denúncia. Nós, como órgão provisório, não temos deliberação de resolução. Não agimos diretamente e, sim, repassamos aos gestores.

Folha de Franca – Como são definidas as ações que o comitê vai adotar?

Dr. Homero – O Como fazemos um levantamento semanal na cidade, temos a noção exata da dinâmica do que está acontecendo, com informações muito claras e atuais, principalmente dos hospitais e dos serviços de urgência como um todo.

Com isso, fazemos alertas através de levantamentos de quando é preciso tomar alguma medida em termos de município para frear o ímpeto do vírus ou mesmo garantir assistência, especialmente nos casos mais graves.

O que tem acontecido com essa cepa Ômicron, que é o que está predominando com certeza, ela traz casos mais leves, mas a contaminação é muito maior do que as outras cepas do vírus, então a pessoa se contamina muito mais fácil, às vezes sem perceber, e a tendência é que não tenha tanto agravamento dos casos. Mas estamos só na fase inicial desse novo surto, então, é cedo para falar… Não existe garantia alguma de que não vai ter mais casos graves, com mais frequência do que já tem vindo.

E ainda tem a característica de que essa cepa está contaminando as crianças muito facilmente. Felizmente iniciou a vacinação de covid pra crianças e temos perspectiva de controle do vírus na faixa pediátrica, coisa que não tínhamos até então, o que muito nos preocupava, porque sabíamos que as crianças iam ser afetadas porque era o único grupo não vacinado e o vírus se desloca de acordo com sua conveniência.

Folha de Franca – Existe a possibilidade de um novo lockdown ou outras medidas de isolamento, para garantir que o contágio não avance mais?

Dr. Homero – O Tecnicamente os dados não demonstram preocupação excessiva com casos graves nessa semana. A oferta de leitos UTI-covid está sendo melhorada, e não estamos diante de um possível estrangulamento a curto prazo.

Logicamente que a ação do vírus é totalmente imprevisível, é um vírus novo na natureza, a gente não tem domínio de futuro com o vírus, mas não teria sentido algum, nesse momento, como está a situação. Apesar do número absurdo de casos que explodiram nas últimas semanas, isso não traduz ainda em comprometimento dos casos graves e dos casos que necessitam, por exemplo, de entubação.

Claro que a Prefeitura e hospitais estão se mexendo para garantir a oferta de atendimento, caso haja uma explosão, diferente do início da pandemia, em que fomos pegos de surpresa em todos os níveis e foi realmente um transtorno gigantesco até conseguirmos ter o controle da epidemia.

Folha de Franca – Como avalia os resultados do trabalho do comitê?

Dr. Homero – O Temos tido muito êxito, porque recebemos todas as informações de dados da cidade, tanto do segmento público quanto particular. Assim podemos municiar, trazer informações não só para a população, como também para os gestores da rede pública e particular da cidade.

Essa atuação tem trazido enormes benefícios pra todos nós, visto que com muita frequência estivemos entre os melhores índices de menor óbito de casos de covid, de acordo com o tamanho da população, em todo o estado de São Paulo. Estávamos sempre em primeiro segundo lugar entre as cidades acima de 100 mil habitantes. E tenho muita convicção que foi a partir do trabalho do comitê que foi possível termos um controle relativamente bom na nossa cidade.

Folha de Franca Alguma orientação que o Comitê julga relevante  passar para a população com relação à procura por atendimento, por testagem e vacinação?

Dr. Homero – O O que precisamos é repassar pra população de Franca a necessidade imperiosa de vacinação para aqueles que não completaram o esquema da vacinação anti-covid, pior ainda aqueles que não se vacinaram. Não existe a menor sombra de dúvida do benefício gigantesco da vacinação no controle de qualquer surto, de qualquer vírus, não seria diferente com a covid.

O que nós precisamos fazer é evitar que o vírus se propague justamente em quem não tem anticorpos, não tomou vacina. Isso é o que precisamos. Se existe um controle da epidemia é com a vacinação em massa, então, teria que ser toda a população francana sendo vacinada. Aí, sim, a gente pode garantir que a gente volta a vida normal, com alguns ajustes de acordo com pequenos surtos do vírus. Mas, enquanto existir essa lacuna grande de pessoas não vacinadas, nós não temos esse controle da epidemia. Então, vamos viver saltos de muitos casos, de variações genéticas, novas cepas, cada uma com uma característica.

As pessoas precisam se conscientizar de que vacina é o que existe de solução a curto e médio prazo, não existe outra medicação, não existe outra forma de conter esse vírus e ele pode, sim, mudar sua composição genética e passar a agredir a mais pessoas e os não vacinados vão estar na mira com certeza

Joelma Ospedal

É jornalista e apaixonada por comunicação.

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