Morreu no último dia 11, Ari Rodrigues da Silva, aos 57 anos. Conhecido como Mestre Cavalo, Ari era natural de Patrocínio Paulista e foi um dos primeiros professores de capoeira em Franca, cidade em que ele passou a maior parte de sua vida. Precursor da capoeira no interior paulista, ele começou a dar aula ainda na década de 80. Cavalo também compôs durante muitos anos o grupo Cativeiro Capoeira, um coletivo de capoeiristas de Franca. Segundo informações de amigos próximos, mestre Cavalo havia descoberto um câncer há poucos meses.
Após mais de 30 anos em Franca, o mestre decidiu se mudar para o México, em 2003, depois de receber uma proposta para conduzir um projeto de capoeira em Morélia, capital do estado de Michoacán. Por lá, mestre Cavalo viveu até os seus últimos dias. Mestre Cavalo também fazia parte de um projeto de conexão México-Brasil, denominado Grupo Atlântico Negro Capoeira, sendo o representante do projeto no México. Já no Brasil o projeto era liderado pelo grande amigo de Ari, Adriano Diógenes, o mestre Animal, que foi aluno do mestre Cavalo nos anos 80.
Amizade de longa data, Adriano fala emocionado do legado e dos ensinamentos deixados pelo professor e amigo. “Foi uma perda enorme para a capoeira regional. Ele conseguiu levar o nome da capoeira francana para fora do país. Mas além de um professor, ele também era um importante militante da cultura afro. Ele carregava a crença de que o ser humano só evolui através da cultura. Só a cultura é capaz de transformar nossa sociedade em uma sociedade melhor. E é exatamente com esse espírito que a gente levará adiante o legado que ele deixou e tocaremos o grupo Atlântico Negro Capoeiro. Levando o nome e a representatividade da cultura negra aonde formos. Então o principal legado que o mestre deixa é a mensagem de que a capoeira é uma importante ferramenta de transformação de uma sociedade”, diz Adriano.
Mestre Cavalo deixa quatro filhos, dois brasileiros e dois mexicanos. Ari também deixa uma esposa, que é mexicana.
