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Envelhecer

Não envelhecemos assim que nascemos?

A cada dia-cada noite

O tique-taque de relógio silencioso

O registro nas células, mudos órgãos internos,

A motilidade crescente, habilidade nascente,

Lusco-fusco decrescente, senil, senescente.

Vida que nasce-morre nos cabelos,

Nas unhas, nos pelos, nos desejos e degelos.

De repente?

Insensibilidade, incomunicabilidade, sonhos perdidos,

erros sentidos, acertos fluidos, ressecada imobilidade.

Ciclotímica vida-morte, revirada ampulheta,

solitária busca,

estatutário e anônimo comando de quem,

do que?

A vida escapa, escorrega,

A morte espreita, nos carrega,

Quem há de definir quanto há a envelhecer,

E quão velho já podemos ser?

Maria Luiza Salomão

Maria Luiza Salomão é psicanalista pela Sociedade de Psicanálise de São Paulo e mediadora de leituras, participante do projeto Rodalivro, membro da Academia Francana de Letras. Correspondente da Afesmil (Academia Feminina Sul-mineira de Letras).

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