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“Bendito o que vem em nome do Senhor!”

(Lc 19,38).

Iniciamos a Semana Santa com ânimo e generosidade, acolhendo o desejo de Jesus de comer conosco a Ceia Pascal. No Domingo de Ramos e da Paixão do Senhor, as portas da Igreja se abrem em suas celebrações para nos acolher, e bem.

A cerimônia de Ramos e da Paixão é uma chave de leitura para se compreender o mistério da Páscoa. Celebramos a entrada triunfal de Jesus em Jerusalém, antes de sua morte. Ele é reconhecido pelos peregrinos e aclamado com alegria e festa, como Rei e Messias. É um rei que se apresenta pobre, simples e desapegado. Vem com amor, dócil à vontade do Pai.

Dentre todos os detalhes da Paixão no Evangelho de Lucas, destacam-se as palavras de Jesus na cruz.
“Pai, perdoa-lhes! Eles não sabem o que fazem!” (Lc 23,34). O Mestre rezou por nós, pedindo perdão pela humanidade: ele é o servo sofredor, o justo e inocente, que foi esmagado pelos nossos pecados. É fonte de reconciliação e de paz. Aprendemos dele que somente o amor teologal e o perdão sincero libertam. Perdoar é compreender os limites e as misérias humanas.

Na sua resposta ao pedido de um dos malfeitores, disse: “Em verdade eu te digo: ainda hoje estarás comigo no Paraíso” (Lc 23,42). Na cruz, Jesus expiou os nossos pecados e abriu as portas do Paraíso, o Jardim de Deus, desfazendo as quedas de Adão.

“Pai, em tuas mãos entrego o meu espírito” (Lc 23,46). A morte de Jesus é a sua libertação nas mãos do Pai, é o resultado da sua obediência. Terminou a sua vida na terra com confiança, transformando a cruz numa consagração total e oferecimento a Deus por nós. A sua ressurreição revela e legitima o seu caminho como verdade e vida.

Jesus quer sempre entrar em nossa história, é o único capaz de dar sentido à existência humana. Quando o acolhemos, recebemos o amor e a salvação.
No drama das nossas fragilidades e pecados, das possibilidades de não correspondermos ao amor de Deus, pedimos que o Espírito nos mantenha fiel no caminho daquele que morreu por nós. Não podemos abandoná-lo na sua solidão. A nossa participação na paixão do Senhor deve fazer crescer em nós o santo temor de Deus. Enquanto houver pecado, a paixão de Cristo continua. Enquanto participamos do pecado, necessitamos de redenção.

Na Semana Santa devemos fazer a experiência da superação da pessoa velha, e com Cristo, deixar nascer o novo, segundo a vontade do Pai. Devemos ser batizados na sua morte, para que a cruz se torne sinal de esperança. Devemos experimentar a configuração com o Senhor em uma união afetiva, aí sim, não haverá mais condenação, pois estaremos unidos a ele, e a cruz será sinal de glória. Assim também seremos sinais de esperança e canais do amor de Deus. Podemos até padecer com Cristo, mas com ele seremos glorificados.


Boa Semana Santa a todos.

Dom Paulo Roberto Beloto

É Bispo da Diocese de Franca

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