Programa Respeito à Vida do Detran-SP investe R$ 78 milhões em obras em 2024
Programa Respeito à Vida do Detran-SP investe R$ 78 milhões em obras em 2024
Enquanto embala um bebê nos braços, a faxineira Cícera Adriana lembra que, ao se mudar para a casa onde mora, no município de Santa Adélia, via os carros passarem pela rua, diante dos seus olhos, “com tudo”. “Nem respeitavam a gente, e tem criança aqui. Algumas vezes era preciso gritar, pedindo que fossem mais devagar”, conta. A situação mudou depois da construção de uma lombada, uma das centenas criadas em 2024 no estado pelo Respeito à Vida, programa coordenado pelo Departamento Estadual de Trânsito de São Paulo (Detran-SP) que converte recursos oriundos de multas de trânsito em melhorias na infraestrutura viária. No ano passado, R$ 78 milhões foram transformados em 1.900 lombadas e lombofaixas e em 99 lombadas eletrônicas, além de pavimentar a conclusão de 69 projetos de recapeamento em 282 municípios paulistas.
Veja vídeo especial sobre o Respeito à Vida.
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Os investimentos são orientados por dados. Plataforma do Detran-SP que reúne informações do sistema viário de todo o estado, o Infosiga fornece indicadores precisos de locais com maior volume de sinistros de trânsito, para onde são dirigidos os esforços por meio de convênios com as prefeituras e outros órgãos. Embora cidades com maior população sejam as recordistas em fatalidades com pedestres, municípios menores como Santa Adélia, que fica a 395 km da capital e conta com pouco mais de 14.000 habitantes, também foram contemplados.
“Nós fizemos um estudo prévio dos locais e chegamos a conversar com alguns moradores, informando a necessidade de intervir e a segurança que a intervenção iria proporcionar”, diz Adilson de Oliveira Lopes, prefeito de Álvaro de Carvalho, cidade ainda menor e mais distante da capital. O município fica a 433 km de São Paulo e possui menos de 5.000 moradores.
Lopes, assim como Rogério Crantschaninov, secretário de Mobilidade de Bragança Paulista, cidade de 176.000 habitantes a 508 km de São Paulo, teve entre as suas preocupações, ao projetar a instalação de lombadas e lombofaixas nas ruas, o fluxo de crianças e idosos. Mais vulneráveis, os dois grupos são vítimas em potencial, sobretudo o segundo, parcela da população com mais obstáculos físicos à mobilidade.
De acordo com dados do Infosiga, as faixas etárias que mais perderam vidas por atropelamento em 2024 foram as de 60 a 64 anos (114 mortes) e de 65 anos a 69 (118). Os grupos de 55 a 59 anos (113 óbitos) e de 80 ou mais (107) também sofreram muito. Ao todo, o ano terminou com 1.375 pedestres mortos, 9% a mais que em 2023, embora o número total de sinistros com transeuntes tenha caído 5%, de 10.980 para 10.409.
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Total de óbitos por faixa etária de pedestres
Para reduzir ainda mais os atropelamentos, e com eles as fatalidades, o governo paulista fez do pedestre uma política pública, iniciada com o lançamento da campanha “Sinal de Respeito”, em julho passado. Com o professor de ética Clóvis Barros Filho à frente de peças espalhadas pelas cidades, TV, rádio e internet, e a promoção de ações educativas por todo o estado, a campanha deu início ao projeto de deixar como legado, para o trânsito de São Paulo, a empatia e a civilidade, pedras fundamentais de um sistema viário mais seguro.
Com impacto estimado em milhões de pessoas, “Sinal de Respeito” foi seguida de outra campanha, “Faz seu corre sem correr”, dirigida ao grupo que mais morre no trânsito, e que também se beneficia das melhorias introduzidas pelo Respeito à Vida: os motociclistas. Em ritmo menor sobre o asfalto, quem está sobre uma moto tanto deixa de se ferir como de machucar alguém. As campanhas publicitárias do Detran-SP, assim como as obras do programa de incremento à infraestrutura, têm como fonte o Fundo de Multas, que transforma infrações em soluções em prol da vida.
“A lombofaixa, ao mesmo tempo em que serve de redutor de velocidade para os veículos na via e protege o transeunte, propicia uma travessia mais confortável e segura, porque o pedestre não precisa descer ao nível da rua, segue ao nível da calçada. Isso é importante para quem tem mobilidade reduzida, para idosos, para mães com carrinhos de bebê, para cadeirantes”, diz Crantschaninov, secretário de Bragança Paulista.
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A lombofaixa, vale lembrar, está entre a faixa de pedestres e a lombada. É uma faixa elevada, que conecta um passeio público ao outro. Muitas foram implantadas perto de creches e escolas de ensino infantil e fundamental, onde já havia demanda por parte de mães, pais e diretores de instituições de ensino, principalmente devido aos horários de pico, às 7h e às 18h. “A pintura ajuda a visualizar e respeitar o obstáculo e, para as crianças, que estão aprendendo o que é faixa, é ótimo”, diz a professora Giani Ceratti, de Araras, cidade com 130.000 habitantes, a 184 km de São Paulo.
Outro cuidado na escolha dos locais para o investimento do Respeito à Vida está ligado aos trajetos de utilidade pública de cada cidade. Abrir caminho para uma emergência hospitalar, por exemplo, dar acesso a uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA), foi um ponto considerado pela prefeitura de Tatuí, município de 123.000 moradores a 157 km da capital. “Instalamos câmeras de alta resolução em locais estratégicos, como a entrada da cidade e as principais vias do município, e uma lombada próximo ao portão da UPA, para viabilizar acesso rápido à emergência”, afirma Miguel Angelo de Campos, secretário de Segurança e Mobilidade Urbana de Tatuí.
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Sobre o Respeito à Vida
O Respeito à Vida é mantido com verbas provenientes da arrecadação com multas de trânsito aplicadas pelo Detran-SP. O principal objetivo é utilizar esses recursos como combustível para a realização de intervenções de segurança viária, da mesma forma que impostos devem ser revertidos em benefícios para a população em obras e serviços.
O programa do Governo do Estado de São Paulo atua como articulador de ações com foco na redução de acidentes de trânsito. Gerido pelo Detran-SP, o Respeito à Vida está ligado ao Infosiga, sistema pioneiro no Brasil, que reúne informações sobre acidentes de diversas fontes, como as polícias Civil, Militar e Rodoviária Federal.
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