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Para receber vacina contra a Covid-19, professores de SP terão de fazer cadastro obrigatório

Os professores de São Paulo, categoria incluída no plano de imunização contra a Covid-19, terão de fazer um cadastro obrigatório para receber as duas doses da vacina. As regras foram divulgadas no início da tarde desta quinta-feira (1º), por Rossieli Soares, o secretário de Educação do governo de João Doria (PSDB).


Serão vacinados, a partir do dia 12 deste mês, os profissionais da Educação com idade acima dos 47 anos que atuam da creche ao ensino médio das redes pública e privada do estado de São Paulo.
Para o governo paulista, neste grupo estão aproximadamente 350 mil profissionais -o equivalente a 40% dos trabalhadores do setor e que representam 66,5% das comorbidades entre quem atua na rede estadual, segundo Soares.


Serão imunizados professores que estão em sala de aula, merendeiras, faxineiras, secretários da escola, coordenadores pedagógicos, diretores, vice-diretores e cuidadores.Para ter direito à vacinação, os profissionais terão de se cadastrar no site (vacinaja.sp.gov.br/educacao).


Antes mesmo de anunciar a ferramenta, o secretário da pasta disse que 120 pessoas já tinham inserido dados pessoais no sistema. “Todos os professores podem se cadastrar, mas a vacina só será oferecida agora para quem tem idade acima de 47 anos”, disse o secretário aos jornalistas.


Para os que trabalham na rede privada, o secretário da pasta já havia adiantado que os educadores terão de apresentar um contracheque dos últimos dois meses, cujo objetivo é evitar fraudes.
Os professores que atuam em duas escolas precisarão informar apenas o nome de uma delas. O diretor da unidade escolar informada no cadastro ajudará a pasta da educação a validar se o profissional realmente trabalha no local.
Os prestadores de serviço que atuam na rede deverão, além dos documentos pessoais, informar o CNPJ da empresa com contrato ativo com as escolas. O cadastro não garante a vacina, mas a validação para o processo, cuja responsabilidade é dos municípios.



VACINAÇÃO DOS PROFESSORES

A inclusão dos professores na vacinação contra a Covid-19 é uma reivindicação da categoria, que tem tido receio em voltar à sala de aula no pior momento da pandemia.
De acordo com a Secretaria da Educação, foram registrados ao menos 4.084 casos confirmados de Covid-19 em escolas paulistas até o dia 6 de março –dado mais recente da pasta.


Desse total, 2.526 são servidores/funcionários e 1.558 são estudantes. A maioria das contaminações ocorreu em escolas estaduais: 2.418. Em seguida estão os colégios privados (1.534) e os municipais (132).
Decreto publicado pelo governador João Doria (PSDB), neste último sábado (27), declarou a educação como serviço essencial, o que elevou a pressão para abrir as unidades no pior momento da pandemia de Covid-19.
Na capital paulista, o prefeito Bruno Covas anunciou a retomada presencial dos colégios públicos e privados no dia 12, caso a fase emergencial não seja prorrogada no estado.


Já nesta próxima segunda-feira (5), as unidades escolares paulistanas, segundo Covas, já poderão abrir, mas apenas para o fornecimento de alimentação aos alunos.
Reportagem do jornal Folha de S.Paulo mostrou que os colégios privados já preparam uma ofensiva judicial para obter uma liminar que autorize o retorno das aulas presenciais já a partir do dia 5, baseando-se no decreto de Doria, que classificou a educação como essencial.
As aulas presenciais chegaram a ser retomadas em São Paulo no início de fevereiro, mas no formato de rodízio. Como a pandemia só piorou no estado, os encontros presenciais foram mais uma vez suspensas após o início da fase emergencial, colocada em vigor no dia 15 de março e prorrogada até o dia 11 deste mês.


Mas a antecipação da vacinação de algumas categorias profissionais, como a de professores e das forças de segurança, feita por alguns estados como São Paulo, foi motivo de crítica.
Essa atitude vai contra as diretrizes do Ministério da Saúde, segundo o qual os estados não devem pular a ordem de vacinação do grupo prioritário.
Os entes federados, porém, têm autonomia para montar seu próprio esquema de vacinação de acordo com as características de sua população, demandas específicas e doses disponibilizadas.


A epidemiologista Carla Domingues, que esteve à frente do PNI (Programa Nacional de Imunizações) por oito anos (2011-2019), disse que as mudanças feitas pelos estados desarticulam o processo de vacinação e a comunicação com a população.
Domingues afirmou que não é contra adiantar a vacinação de professores e das forças de segurança, mas que isso precisa ser algo decidido nacionalmente.
“Teria que ter um consenso nacional. Cada local tomando uma decisão, vai ficar difícil controlar a demanda social por vacina.”


Segundo ela, a mudança sendo feita diretamente pelos estados pode trazer desorganização na vacinação, confusão da população e a ida de pessoas a estados que já estiverem aplicando a vacina na categoria a que ela pertence.

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