Deputada relata ter sido vítima de racismo por servidora da Alesp
A deputada estadual Thainara Faria (PT) afirmou nesta sexta-feira (31) ter sido vítima de racismo por uma servidora da Alesp (Assembleia Legislativa de São Paulo).
Emocionada, a deputada de primeiro mandato fez um pronunciamento contando que outras vezes também sofreu racismo por servidores por eles não acreditarem que ela é deputada.
“Eu não gostaria de estar chorando aqui agora. Mas a questão é que dói muito toda hora sofrer racismo. Quando não dói, ele mata a gente. E eu não quero que mais ninguém passe por isso”, disse.
Desta vez, o caso aconteceu quando ela foi impedida de assinar um livro de parlamentares. “Quando desci da mesa e fui assinar os livros, a servidora falou: ‘Não, esses livros são só para os deputados”, disse. Ela afirma que, depois, ouviu a servidora falando em seguida: “É difícil”.
“Voltei e falei para ela. É difícil todos os dias nesta Casa ser confundida. Nós procuramos vocês hoje para que fosse garantido o meu bóton para que não precisasse passar racismo e vocês negaram esse bóton. Porque não estão acostumados com uma mulher preta, jovem, de 28 anos circulando por essa Casa.”
Ela afirma que não foi a primeira vez que aconteceu esse tipo de situação. Só na posse foram dez vezes, disse.
“Desde que eu fui eleita deputada estadual, eu venho sofrendo racismo nessa Casa. Na posse, uma policial e uma servidora pediram para que eu liberasse o caminho para que os deputados pudessem passar”, disse.
A deputada afirma que chegaram a confundir o assessor dela, branco, com um deputado.
Thainara foi eleita com mais de 90 mil votos nas últimas eleições.
Durante sua carreira política, ela passou por outros episódios também.
Preta, filha de pedreiro e de empregada doméstica, Thainara, 28, tinha 21 anos quando estreou na política e se elegeu vereadora em sua cidade, Araraquara. Na primeira sessão, um vereador, referindo-se a ela, ofereceu chocolate a colegas.
Outros ataques racistas e sexistas passariam a fazer parte de sua rotina na Câmara.
Um político lhe disse que “agora podemos ter escola de samba”. Outro, enquanto ela subia ao púlpito, falou “tomara que sua saia arrebente”.
Certa vez, lhe negaram água no plenário. Primeira vereadora negra da cidade, passou também a sofrer uma criminosa perseguição nas redes sociais. “Vagabunda”, “Macaca”, “Parece uma faxineira”, “Cabelo de vassoura”, ela lia em comentários.
Em nota, o presidente da Alesp, André do Prado (PL), afirmou solidarizar-se com a deputada. “De imediato, o presidente determinou providências ao secretário-geral Parlamentar, que substituiu a funcionária pública envolvida no episódio. O caso será avaliado em âmbito administrativo”, afirma o comunicado.